Em comunicado enviado à agência Lusa, a Direção da Organização Regional de Portalegre do PCP (DORPOR) disse discordar da “decisão inaceitável” do Governo e defendeu “a suspensão imediata deste processo de modo a reavaliar todas as alternativas que não impliquem a destruição do montado”.

Num despacho publicado em Diário da República (DR), no passado dia 15, assinado pelo ministro do Ambiente, João Pedro Matos Fernandes, o projeto, a ser desenvolvido no concelho de Gavião pela empresa Amargilha, Unipessoal Lda., é declarado como tendo “imprescindível utilidade pública”.

No despacho é explicado que, além do arranque de 1.079 sobreiros, foi também solicitado o abate de quatro azinheiras para permitir a instalação da central solar fotovoltaica, numa área de cerca de 15 hectares, envolvendo um investimento de “aproximadamente 95 milhões de euros”.

O Governo considera de “relevante interesse público, económico e social” este projeto, bem como a sua “sustentabilidade”, uma vez que se destina à produção de energia elétrica a partir de recursos renováveis, contribuindo para o cumprimento das metas nacionais e da União Europeia nos domínios das energias provenientes de fontes renováveis e da redução de emissões de gases com efeito de estufa.

Mas, segundo a DORPOR do PCP, a decisão do Governo “não faz o mínimo sentido do ponto de vista de ocupação do território e muito menos do ponto de vista ambiental”.

“Não é necessário abater cerca de 15 hectares de montado, destruindo, além de árvores autóctones, o nicho ecológico de várias espécies e um ecossistema biodiverso e sustentável”, argumentaram os comunistas.

O PCP disse também que defende a preservação dos ecossistemas mediterrânicos, nomeadamente do montado e áreas florestais com espécies autóctones, e a “regulação” das áreas de implantação de painéis solares, salvaguardando os valores ambientais e patrimoniais, incluindo a paisagem.

“Sabendo-se que os interesses do capital não são verdes e que estes fazem desta necessidade da descarbonização da energia um negócio, é necessário definir regras que não abram precedentes irreparáveis para o futuro”, reclamou a estrutura comunista, prometendo acompanhar este processo em Gavião.

Em comunicado enviado à Lusa, na quarta-feira passada, a associação ambientalista Quercus manifestou-se também contra a decisão do Governo, sublinhando, entre os vários argumentos apresentados, que “existiam alternativas” de localização para instalar a central fotovoltaica.