Em declarações à Lusa, a propósito da reunião que juntou hoje o Comité Militar da NATO e o Comando Aliado para a Transformação no Centro de Lições Aprendidas, em Monsanto, o general francês destacou que o ambiente de segurança internacional está a “mudar rapidamente” e isso exige uma “adaptação flexível e rápida” por parte dos Aliados.
“Temos nações a violar o direito internacional, temos grupos terroristas, temos mudanças climáticas que estão a levar a crises, temos as migrações. Temos muitas questões que se interrelacionam, e mais do que antes. Um mundo que hoje é realmente complexo”, disse.
“Os atores são muito diferentes e variam conforme as geografias. Por outro lado, o acesso à tecnologia, e a sistemas de inteligência artificial são usados hoje por grupos terroristas e nós temos de ter isso em conta”, acrescentou.
No atual ambiente internacional, disse, a Rússia “não é um adversário” mas a NATO “não aceita violações das regras internacionais”.
“Não há adversários reconhecidos mas há ameaças e precisamos de encarar essas ameaças”, acrescentou.
A adaptação da estrutura de comandos da NATO prevê um novo comando para o Atlântico e outro para a Logística. Contudo, só em junho, na reunião ministerial dos ministros da Defesa da NATO deverão ser discutidos as localizações.
Questionado sobre a possibilidade de Portugal poder acolher o comando para o Atlântico, o general Denis Mercier frisou que a “localização não foi decidida ainda”, preferindo sublinhar o “papel importante” do país “por causa do JALLC [Joint Analysis and Lessons Learned Centre] e também devido à nova academia da NATO de comunicações e `ciberdefesa´ que está a ser construída em Oeiras.
Esta academia, disse, “será absolutamente essencial para a NATO”, nomeadamente no “treino individual” dos militares e da NATO nos “domínios `ciber´”.
Denis Mercier disse compreender que há um interesse por parte de Portugal quanto ao comando marítimo mas sublinhou que “há muitos outras áreas” para as quais Portugal pode contribuir.
Questionado sobre as implicações militares do processo de transformação da NATO, Mercier disse que “o mais importante” é desenvolver a “interoperabilidade” das forças e capacidades, a maior parte das quais provêm das nações, estando o comando, o controlo e a estratégia afetos à NATO.
“Muito em breve vamos iniciar um novo processo de identificação e definição das capacidades militares, face ao que precisamos e de acordo com o nível de ambição que queremos”, disse.
Hoje, cerca de 120 representantes militares da NATO estiveram reunidos em Lisboa, nas instalações do JALLC, comando aéreo de Monsanto, para fazer o ponto da situação do processo de transformação das estruturas militares da NATO.
O Comando da NATO para a Transformação e o Comité Militar da Aliança discutiram estratégias futuras face às decisões políticas aprovadas no quartel-general da NATO, em Bruxelas, para a criação de dois novos comandos, um para o Atlântico e outro para a logística.
A reunião ocorre todos os anos na sede do ACT, em Nortfolk, EUA, mas este ano o comandante Denis Mercier decidiu promover o encontro em Lisboa para mostrar ao Comité Militar o trabalho desenvolvido pelo Centro de Lições Aprendidas (JALLC), comandado atualmente pelo brigadeiro-general português Mário Barreto, da Força Aérea.
Em conferência de imprensa nas instalações do JALLC, o general Petr Pavel tinha antes afirmado que no âmbito desta visita teve “encontros úteis” com o ministro português da Defesa, Azeredo Lopes, e com o chefe do Estado-Maior General das Forças Armadas, Pina Monteiro e referiu também a expetativa quanto ao papel que a futura academia de comunicações em Oeiras terá na formação e operações da Aliança.
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