Gérard Depardieu detido por alegadas agressões sexuais

O ator francês Gérard Depardieu foi detido nesta segunda-feira pela polícia judiciária de Paris, onde foi intimado a comparecer para um interrogatório sobre supostas agressões sexuais a duas mulheres, informou à AFP uma fonte próxima do caso.
Gérard Depardieu detido por alegadas agressões sexuais
EPA/FRANCK ROBICHON

O ator está sob custódia policial e deverá responder às denúncias das mulheres, que o acusam de agressões sexuais e comentários obscenos durante as filmagens de uma longa-metragem em 2021 e de uma curta-metragem em 2014.

Este caso soma-se a vários que envolvem Depardieu, um dos mais afamados atores franceses da sua geração. Em dezembro de 2020, a Justiça acusou-o pela violação e agressão sexual da atriz Charlotte Arnould. Desde então, uma dezena de mulheres acusaram-no, nos jornais, de violência sexual, incluindo a atriz Hélène Darras.

A detenção desta segunda-feira, pode estar relacionada com a denúncia de agressão sexual, assédio sexual e ofensas sexistas feita em março por uma cenógrafa chamada Amélie. A denunciante, de 53 anos, relatou ao Mediapart que o ator fez comentários indecentes durante as filmagens de "Les volets verts" de Jean Becker, em Paris, e depois "agarrou-a brutalmente", tocando na sua "cintura, no seu abdómen e nos seus seios". Os guarda-costas do ator terão interrompido a agressão.

O site noticiou que outra mulher — Sarah, de 33 anos e terceira assistente de direção — também acusa a Depardieu de tocar-lhe "nos seios e nas nádegas" duas vezes em agosto de 2021, em Paris.

As repetidas acusações contra Depardieu tornaram-se numa frente de guerra cultural na França, dividindo o mundo do cinema e confrontando grupos feministas e defensores do ator.

A exibição em dezembro de 2023 da reportagem "Gérard Depardieu: la chute de l'ogre" ("Gérard Depardieu: a queda do ogre", em tradução livre), no programa Complément d'enquête da emissora France 2, provocou uma onda de choque com repercussão internacional.

Nas imagens, Depardieu multiplica as declarações misóginas e ofensivas, quando se dirige a mulheres, e palavras de natureza sexual, a uma rapariga menor. O grupo France Télévisions, ao qual pertence o canal, garantiu que a cena diante da criança foi "verificada" por um oficial de Justiça.

Captadas pelo escritor Yann Moix durante a viagem do ator à Coreia do Norte em 2018, as imagens e transmitidas no documentário “Depardieu: A Queda de um Ogre”, no programa “Complément d’investigation”, exibido no dia 7 de dezembro na France 2. As imagens do programa mostravam o ator a fazer comentários de caráter sexual a mulheres, sobre mulheres e sobre uma criança.

A exibição do programa na France 2 levou várias personalidades do teatro e do cinema a afirmar que não voltariam a trabalhar com Depardieu e esteve na base das declarações da ministra francesa da Cultura, Rima Abdul Malak, sobre a possibilidade de ser retirada a Legião de Honra ao ator.

Depardieu, através dos seus advogados, colocou a condecoração à disposição do Governo e declarou-se vítima de “um linchamento mediático”.

Após a exibição do documentário, o Museu Grevin, galeria de figuras de cera de Paris, retirou a imagem de Depardieu, a província canadiana do Quebec anulou a distinção que lhe tinha dado, e a cidade belga de Nochin, onde o ator viveu, também anulou o título de cidadão honorário que lhe concedera.

As autoridades francesas iniciaram, ao mesmo tempo, a investigação das circunstâncias em que ocorreu a morte da atriz Emmanuelle Debever, a 6 de dezembro de 2023.

A atriz denunciara Depardieu de “comportamento impróprio”, em 2019, que teria ocorrido durante as filmagens do “Caso Danton”, e é citada no documentário. Debever atirou-se ao rio Sena em 29 de novembro, depois de conhecida a divulgação do exibição do documentário pela France 2, vindo a morrer uma semana mais tarde.

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