Maria de Fátima Espadilha recordou hoje em tribunal que o seu irmão António Ferreira - que na madrugada de 11 de outubro de 2016 foi atingido por um tiro e viu o seu colega Carlos Caetano ser assassinado, alegadamente por Pedro Dias -, diz-lhe que “as portas são para fechar”.
Segundo a mulher, António Ferreira teve vigilância à porta de casa até dezembro, mas “deixou de ter”.
“Passam lá, mas não estão na porta”, contou.
O advogado do militar, Pedro Proença, explicou aos jornalistas que, no âmbito do programa de vigilância e proteção de testemunhas, “houve uma vigilância fixa junto à casa do militar Ferreira até dezembro”, com militares da GNR à paisana a fazer vigilância 24 horas por dia, por turnos.
“A partir de um determinado momento, a própria GNR, o comando, entendeu que não se justificaria manter essa vigilância”, contou, acrescentando que nunca concordou com esta alteração.
Na altura, o advogado mostrou a sua apreensão e espanto por essa alteração das medidas de vigilância, por ter “sinais” de que “havia e persistem riscos para a integridade física do militar Ferreira”.
“Ele já depôs e, à partida, esse nível de perigo terá sido atenuado. Mas, até à data do depoimento, tínhamos informações de que poderia haver algum risco para a integridade física de uma testemunha que era fundamental e essencial no processo”, frisou.
Pedro Proença contou que, mesmo na altura em que tinha vigilância à porta de casa, “esse comportamento de medo já era notório e evidente e revelava já um trauma daquilo que ele viveu”.
Durante o seu depoimento, Maria de Fátima Espadilha contou as limitações que o irmão tem, concretamente o facto de não poder fazer alguns movimentos com receio de que a bala que tem alojada na cervical se mova e lhe provoque lesões permanentes.
“Andar a cavalo, andar de trator, ir apanhar comida para as cabras… acabou tudo”, lamentou, afirmando que o irmão é que costumava ajudar os pais na agricultura.
Durante a manhã, foram ouvidas várias testemunhas alusivas aos pedidos de indemnização dos pais de Carlos Caetano, António Ferreira, Liliane e Luís Pinto (casal baleado junto à estrada nacional, em Aguiar da Beira).
Pedro Dias está acusado de três crimes de homicídio qualificado sob a forma consumada, três crimes de homicídio qualificado sob a forma tentada, três crimes de sequestro, crimes de roubo de automóveis, de armas da GNR e de quantias em dinheiro, bem como de detenção, uso e porte de armas proibidas.
O julgamento prossegue durante a tarde.
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