Centeno está na capital norte-americana para participar nas reuniões anuais do Fundo Monetário Internacional (FMI), onde reforçou a necessidade dos bancos centrais, em particular do Banco Central Europeu, de lutar contra a inflação.
“Há um sentido de desaceleração das nossas economias, que já vem, aliás, de alguns trimestres. Esta desaceleração tem razões muito explícitas e muito claras e não tem sido exatamente idêntica em todos os países e em todas as regiões. Mas a Europa está hoje está confrontada com decisões difíceis, que podem trazer alguns aspetos recessivos nas nossas economias”, avaliou o português.
“Estou obviamente a falar da necessidade dos bancos centrais, em particular do Banco Central Europeu, de lutar contra a inflação. Temos de ser muito rigorosos nessas medidas, porque elas, no fim, trarão benefícios para todos. Reduzir a inflação é um imperativo nesta fase. E, ao fazer isto, o Banco Central Europeu toma em conta, obviamente, todas as dimensões das nossas economias e da sua dimensão financeira”, frisou, em declarações a jornalistas portugueses.
Apesar de destacar a “resiliência” dos mercados de trabalho na Europa e em Portugal, Mário Centeno indicou ser preciso convocar todos os recursos que o país tem disponíveis para combater a desaceleração da economia, e mais concretamente do investimento.
“Há uma área que me preocupa e que eu tenho vindo a falar sobre ela, que tem a ver com a desaceleração do investimento. Nós temos que recuperar níveis de confiança rapidamente para que o investimento possa recuperar ele próprio também”, declarou.
O governador do Banco de Portugal considerou que o nível de participação no mercado trabalho português “é muito alto”, colocando em evidência os “níveis de desemprego dos mais baixos registados nas últimas décadas”.
“Depois de um período muito difícil, com a crise da covid-19, temos nesta fase que estar concentrados em convocar todos os recursos que temos disponíveis para combater esta desaceleração da economia, aumentar a confiança, ao mesmo tempo que conseguimos manter um mercado de trabalho com os níveis de desempenho que temos hoje”, reforçou.
As reuniões anuais do FMI e do Banco Mundial continuam a decorrer em Washington até domingo.
Na manhã de hoje, a secretária do Tesouro norte-americana, Janet Yellen, reuniu-se com os ministros das Finanças do Eurogrupo, com o Departamento Europeu do FMI e a diretora-geral do FMI, Kristalina Georgieva, a realizarem um ‘briefing’ conjunto.
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