O governador do Banco Popular da China, Pan Gongsheng, revelou um corte na taxa das operações de recompra reversa (“reverse repo”) de 1,5% para 1,4%, bem como uma redução de 0,25% na taxa de empréstimos a bancos comerciais, fixando-a em 1,5%. A taxa de reservas obrigatórias foi também reduzida em 0,5%, libertando cerca de um bilião de yuan (121 mil milhões de euros) em liquidez adicional.

O banco central reduziu ainda as taxas de juro dos empréstimos à habitação a cinco anos, como parte de um esforço mais amplo para estimular o consumo interno.

As medidas surgem num contexto de abrandamento económico, agravado pelo impacto das tarifas norte-americanas, que chegam aos 145% sobre a maioria dos produtos chineses. A economia chinesa, fortemente dependente das exportações, enfrentava já uma prolongada crise no setor imobiliário.

Em resposta, Pequim aplicou tarifas de até 125% sobre bens oriundos dos Estados Unidos e suspendeu a maior parte das compras de produtos agrícolas norte-americanos.

Na terça-feira, ambos os países anunciaram a realização de conversações entre o secretário do Tesouro dos EUA, Scott Bessent, o representante do Comércio, Jamieson Greer, e o vice-primeiro-ministro chinês, He Lifeng. O encontro terá lugar em Genebra ainda esta semana.

As negociações ocorrem num momento em que as duas partes continuam a rejeitar publicamente qualquer concessão nas tarifas. O analista Stephen Innes, da gestora de ativos SPI Asset Management, advertiu que as conversações “podem ser o ponto de viragem que cimenta a frágil confiança ou reacende o inferno da guerra comercial”.

A tensão tem abalado as duas maiores economias do mundo.

A economia norte-americana contraiu 0,3% no primeiro trimestre, enquanto a China registou um crescimento anual de 5,4%, impulsionado por uma aceleração temporária na produção industrial. No entanto, analistas questionam a fiabilidade dos dados e apontam para uma queda nas encomendas para exportação e no sentimento empresarial.

O anúncio das novas medidas e o avanço diplomático impulsionaram os mercados: as bolsas subiram mais de 2%, em Hong Kong, e 0,5%, em Xangai. Os futuros norte-americanos também registaram ganhos.

Mas os analistas mantêm cautela. “Não se espera uma reação eufórica”, afirmou Tan Jing Yi, do banco japonês Mizuho Bank. “Qualquer resolução será provavelmente demorada. A curto prazo, poderá haver apenas reduções pontuais de tarifas sobre certos produtos”, apontou.