
"Daniel Perry disparou a sua arma contra Garrett Foster para eliminar o que entendeu como uma ameaça à sua segurança", disse Abbott, um republicano conservador, na sua resolução de indulto.
Perry, um sargento do Exército americano e motorista de um serviço de táxis, disse que se deparou com uma manifestação enquanto conduzia o seu veículo em Austin, capital do Texas, no sul dos Estados Unidos, em julho de 2020. A multidão protestava contra o racismo e a brutalidade policial, após o assassinato de George Floyd em Minneapolis, Minnesota, às mãos de agentes da polícia, dois meses antes.
No decurso de um confronto, Perry disparou a sua arma contra Garrett Foster, um manifestante branco de 28 anos, que carregava legalmente uma metralhadora AK-47.
Perry argumentou que disparou em legítima defesa, embora a Procuradoria tenha considerado que foi ele próprio quem provocou o confronto. O homem foi condenado a 25 anos de prisão, mas Abbott, atendendo ao clamor de grupos conservadores, anunciou no ano passado que tentaria perdoá-lo e solicitou a intervenção da Junta de Indultos e Liberdade Condicional do Texas.
Após a condenação, foram reveladas publicações racistas de Perry nas suas redes sociais, comparando os manifestantes a animais ou macacos, e mensagens a exprimir o seu desejo de matá-los.
Nesta quinta-feira, "após uma análise detalhada das informações recolhidas", a Junta de Indultos informou que "votou unanimemente para recomendar um perdão total e a restauração dos direitos de [porte e uso de] armas de fogo" de Perry, hoje com 37 anos.
"O Texas tem uma das leis de autodefesa 'Stand Your Ground' [Defenda a Sua Posição] mais rígidas, que não pode ser anulada por um júri ou um procurador de distrito progressista", disse Abbott em comunicado. "Agradeço à Junta pela sua investigação minuciosa e aprovo a sua recomendação de indulto", acrescentou.
A sua decisão foi apoiada pelo procurador-geral do Texas, o conservador Ken Paxton, que afirmou na rede social X que o movimento BLM "aterrorizou" o país em 2020.
Mas o procurador de distrito do condado de Travis, José Garza, um democrata que estava encarregado do caso, criticou a resolução.
"A Junta e o governador colocaram a sua política acima da justiça e fizeram pouco do nosso sistema legal [...] Eles deveriam estar envergonhados", disse em comunicado divulgado pela imprensa.
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