As estrelas da temporada, Cole Escola e Nicole Scherzinger, conquistaram também os seus primeiros Tonys, numa cerimónia marcada pelo renascimento da Broadway, após anos de dificuldades provocadas pela pandemia.

A anfitriã foi Cynthia Erivo — atriz nomeada ao Óscar e vencedora de um Tony — que apresentou a gala no icónico Radio City Music Hall, em Manhattan, destacando a diversidade e o dinamismo das nomeações deste ano.

“Foi o ano mais lucrativo de sempre para a Broadway”, afirmou.

“Está oficialmente de volta — desde que não fiquemos sem atores de 'Succession', brincou, referindo-se à aclamada série sobre uma família do império mediático.

Sarah Snook, vencedora de um Emmy pela sua interpretação em 'Succession', arrecadou o Tony de Melhor Atriz Principal em Peça, ao interpretar 26 personagens na adaptação teatral do romance 'The Picture of Dorian Gray', de Oscar Wilde.

A temporada atraiu 14,7 milhões de espetadores aos teatros da Broadway, gerando 1,89 mil milhões de dólares em bilheteira. Entre os grandes nomes que pisaram os palcos nova-iorquinos estiveram George Clooney, Denzel Washington, Jake Gyllenhaal e os colegas de elenco de Snook em 'Succession', Kieran Culkin e Jeremy Strong.

“Vão ao teatro, seja um musical da Broadway ou uma peça escolar”, apelou Michael Arden, vencedor do Tony para Melhor Encenação de Musical por 'Maybe Happy Ending'.

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Darren Criss — conhecido da série 'Glee' e já vencedor de um Emmy pela sua interpretação de Andrew Cunanan em 'The Assassination of Gianni Versace' — conquistou o Tony de Melhor Ator Principal em Musical. “É um orgulho imenso fazer parte desta temporada tão diversa e extraordinária na Broadway”, afirmou no seu discurso de agradecimento.

Nicole Scherzinger superou concorrência de peso, incluindo a lendária Audra McDonald — a atriz com mais Tonys na história — e venceu na categoria de Melhor Atriz em Musical, pelo papel de Norma Desmond em 'Sunset Boulevard', que também venceu como Melhor Revival de Musical.

“Se há alguém aí fora que sente que não pertence ou que o seu tempo ainda não chegou, não desistam”, emocionou-se Scherzinger, ex-vocalista das Pussycat Dolls. “Continuem a dar o vosso melhor, porque o mundo precisa da vossa luz e do vosso amor, agora mais do que nunca. Isto prova que o amor vence sempre”.

‘Oh, Mary!’ em destaque, mas sem prémio principal

Apesar de 'Oh, Mary!', comédia negra protagonizada por Cole Escola, ser a favorita ao prémio de Melhor Peça Original, o galardão foi entregue a 'Purpose', um intenso retrato familiar escrito por Branden Jacobs-Jenkins, e também vencedor do Prémio Pulitzer de Teatro 2025.

Ainda assim, Escola saiu em grande, ao vencer na categoria de Melhor Interpretação por uma peça a solo que reimagina o assassinato de Abraham Lincoln do ponto de vista da sua esposa — uma alcoólica em delírio que sonha com os holofotes de um cabaré. Escola superou concorrentes de peso como George Clooney.

'Oh, Mary!' venceu também o prémio de Melhor Encenação de Peça, entregue a Sam Pinkleton. “Ensinaste-me a fazer aquilo que amamos, e não o que achamos que os outros querem ver”, disse Pinkleton diretamente a um Escola comovido. “Podemos dar alegria às pessoas no fim de um dia de merda — e isso é algo que vale mesmo a pena”, acrescentou.

A noite contou com atuações marcantes, como "Rose’s Turn" interpretado por Audra McDonald, e "As If We Never Said Goodbye", na voz arrebatadora de Scherzinger.

A gala também ficou marcada por uma aguardada reunião do elenco original de 'Hamilton', musical de Lin-Manuel Miranda, que celebra este ano o seu 10.º aniversário.

Um momento emotivo foi dedicado às figuras do teatro que faleceram no último ano, com Cynthia Erivo e Sara Bareilles a interpretarem "Tomorrow", do musical 'Annie', em homenagem ao compositor Charles Strouse, que morreu em maio.

Alguns discursos aludiram, de forma subtil, à instabilidade política que se vive nos Estados Unidos, em particular às polémicas operações migratórias do ex-Presidente Donald Trump, embora o seu nome nunca tenha sido diretamente mencionado.