“Estamos neste momento já em fase de chegada e distribuição dos restantes 600 mil para atingirmos o pleno dos alunos”, afirmou o secretário de estado Adjunto e da Educação, João Costa, durante o webinar “O Digital na Educação” promovido pelo Conselho Nacional de Educação (CNE), que está a decorrer online.

No passado ano letivo, o Ministério da Educação distribuiu cerca de 450 mil computadores e hotspots de internet, segundo um programa que começou por se focar nos alunos mais carenciados (com Apoio Social Escolar).

Faltavam cerca de 600 mil para abranger professores e todos os alunos do ensino obrigatório da rede pública, tal como desenhado no programa Escola Digital, financiado pelo Plano de Recuperação e Resiliência (PRR).

Além da distribuição de equipamentos, o programa prevê também novas infraestruturas nas escolas capazes de fornecer internet com mais qualidade e mais recursos, a formação de professores ou a produção de recursos educativos digitais.

A presidente do Conselho Nacional de Educação, Maria Emília Brederode Santos, recordou um estudo realizado pelo CNE que revelou que 90% dos docentes estavam interessados em ter formação na área da informática.

O secretário de estado salientou, no entanto, que “não vale a pena ter toda a competência tecnológica e capacidade de manipular a tecnologia” se não existir um trabalho de literacia de informação e dos média.

“Nesta avalanche de informação já não somos apenas consumidores de conteúdos. Desde muito novos, as crianças e jovens são também produtores de conteúdos e isso traz muitas questões, sobretudo, de natureza ética, como a ética da navegação”, salientou o governante.

As escolas precisam também de trabalhar o pensamento critico dos alunos. Num tempo em que “o manual escolar em formato livro não é o único instrumento que existe na sala de aula”, os alunos têm de estar preparados para questionar e conseguir distinguir a informação que lhes é oferecida.

Os jovens têm de ser capazes de avaliar fontes, detetar informação falsa, distinguir factos de opiniões, ter capacidade de contrastar diferentes fontes de informação, disse João Costa.

Durante o webinar, o Governo recordou que a transição digital já era um objetivo que apenas se tornou “mais emergente e acelerado” com a pandemia: “A pandemia foi um acelerador nas necessidades da transição digital”.

João Costa salientou que o currículo dos alunos, desde o pré-escolar ao secundário, já previa a integração de competências digitais e que o plano de transição digital na educação existia antes da covid-19.

Mas, sublinhou, nunca teve o intuito de se substituir ao ensino em contexto da escola, porque “nenhuma máquina substitui a relação humana”.

Para João Costa, o que aconteceu em 2020 e em 2021 quando os alunos foram mandados para casa não se pode chamar de “educação à distância” ou “educação digital”. Houve sim, defendeu, uma “resposta de emergência a uma situação inesperada para a qual não houve tempo de preparação”.

A pandemia colocou os “sistemas educativos debaixo de uma lupa” que veio mostrar o “quanto as desigualdades sociais aumentaram”, disse João Costa, defendendo que no processo de transição digital “a agenda da equidade tem de estar acima da agenda da transição digital” e que “o objetivo maior é combater as desigualdades e garantir a equidade”.

O programa de Governo previa que até 2023 todos os alunos do ensino básico e secundário das escolas públicas teriam um computador, mas com a pandemia de covid-19 e o repentino encerramento das escolas, António Costa prometeu em abril de 2020 que, no ano letivo seguinte, todos os estudantes teriam um computador.

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