A justiça britânica deu luz verde para Julian Assange ser extraditado para os Estados Unidos para ser julgado por 18 crimes de espionagem e intrusão informática pelas revelações do seu portal WikiLeaks, que expôs abusos daquele país nas guerras no Iraque e no Afeganistão.
Na sequência de vários apelos para que o Governo australiano intervenha no processo contra o jornalista, o Ministério dos Negócios Estrangeiros adiantou que está a “acompanhar de perto o caso” de Assange, tal como fazem “com outros australianos detidos e sujeitos a processos judiciais no estrangeiro”.
“A Austrália continuará a respeitar o processo legal do Reino Unido, incluindo quaisquer outros recursos de acordo com a lei britânica”, afirmou um porta-voz do ministério, sublinhando que a Austrália não é parte no caso, segundo o jornal diário The Guardian.
O Partido Trabalhista australiano disse, na sequência da decisão do tribunal britânico, que o assunto estava “a arrastar-se há demasiado tempo” e que o Governo do primeiro-ministro Scott Morrison deve “fazer o possível para incentivar o Governo dos EUA a pôr fim a este assunto”.
Os Verdes também apelaram à ministra dos Negócios Estrangeiros, Marise Payne, para que “fale urgentemente com os Estados Unidos e lhes diga para retirarem estas acusações absurdas e acabarem com a tortura de Assange”.
Na passada sexta-feira, o Tribunal da Relação de Londres deu razão a Washington num recurso contra uma decisão de janeiro passado que tinha negado a entrega do ativista por considerar que apresenta risco de suicídio.
O caso vai agora regressar ao Tribunal de Magistrados de Westminster, de primeira instância, para ser encaminhado para a ministra do Interior, Priti Patel, que deve decidir se executa a extradição.
A defesa do jornalista já anunciou que vai esgotar todos os recursos, enquanto Assange permanece em prisão preventiva na prisão de Belmarsh, em Londres.
Os Estados Unidos acusam Assange de 18 crimes que, segundo a defesa, podem levar a 175 anos de prisão pelas publicações do WikiLeaks, que em 2010 e 2011 expuseram abusos dos Estados Unidos no seu centro de detenção em Guantánamo (Cuba), bem como alegados crimes de guerra no Iraque e no Afeganistão.
Detido inicialmente em 2010, a pedido da Suécia, por um caso de alegados crimes sexuais que foram mais tarde arquivados, o jornalista está detido no Reino Unido há mais de uma década, apesar de não ter sido condenado por qualquer crime.
Antes, o fundador do WikiLeaks, 50 anos, esteve refugiado durante sete anos na Embaixada do Equador em Londres, de 2012 até abril de 2019, quando as autoridades equatorianas decidiram retirar o direito de asilo concedido e as autoridades britânicas o detiveram.
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