Num artigo publicado no “The Sun”, Johnson sinalizou que a população não irá tolerar uma retirada “suave” do bloco europeu — defendida por algumas camadas políticas – pois tal passaria uma imagem indefinida, pelo que deve romper completamente com Bruxelas.

Johnson, que votou a favor do ‘brexit’ no referendo de há dois anos, disse que os britânicos querem que o Governo “cumpra o mandato público” com uma saída total da UE.

Entretanto, o negociador britânico do “brexit”, David Davis, disse ao tabloide “Daily Express” que o Reino Unido está a preparar-se para sair da União Europeia sem acordo.

Segundo a Associated Press (AP), embora seja ainda incerta a forma como sairá o Reino Unido da UE no próximo ano, dois anos depois do voto a favor, o ‘brexit’ tem já um claro efeito na economia britânica, com as famílias estão mais pobres, as empresas mais cautelosas e o mercado imobiliário arrefeceu.

O Reino Unido passou de principal motor das principais economias mundiais a um país em abrandamento e a incerteza na forma como irão ser as relações com a União Europeia quando o Brexit se tornar oficial a 29 de março de 2019 poderá piorar as coisas.

A primeira ministra conservadora Theresa May permanece dividida sobre o que devem ser essas relações.

Uns são mais favoráveis à adoção de uma saída “dura”, que defende uma rutura que leva o Reino Unido para fora da união de livre comércio do bloco, mas que lhe dá mais liberdade para atacar novos acordos comerciais no resto do mundo.

Outros, refere a AP, querem manter o Reino Unido tão próximo quanto possível da UE, o seu maior parceiro comercial, que pode significar que tem que obedecer mais das regras do bloco.

As grandes empresas estão alarmadas devido ao quadro confuso em que estão a ser feitas as negociações em torno da saída, depois da gigante da aviação Airbus ter esta semana ameaçado deixar o país, onde emprega 14.000.

Antes do referendo de junho de 2016, a economia britânica tinha sido durante anos uma das economias com mais rápido crescimento industrial, mas agora o crescimento encontra-se quase estagnado.

No primeiro trimestre deste ano o PIB avançou apenas 0,1% face aos três meses anteriores, sua taxa mais lenta em cerca de cinco anos.

Para a maioria das pessoas, o primeiro e o mais visível impacto foi a queda da libra, com a moeda a deslizar 15% após a votação de junho de 2016 e que impulsionou os preços, tornando as importações e a energia mais caros para os consumidores e as empresas, fazendo a taxa de inflação subir 3% no ano passado.

A libra mais fraca ajudou, no entanto, algumas empresas exportadoras e multinacionais que não vendem principalmente no Reino Unido.

Enquanto os preços subiram, os salários permaneceram desfasados, ainda que o desemprego seja o mais baixo desde 1975, estando atualmente nos 4,2%.

O governador do Banco da Inglaterra, Mark Carney, estimou recentemente que a média dos rendimentos do agregado familiar são hoje cerca de 900 libras abaixo da previsão antes do referendo.

O mercado imobiliário também arrefeceu consideravelmente com o número de vendas em Londres a posicionarem-se perto de um mínimo histórico no ano passado, segundo dados da imobiliária Foxtons.