Na véspera da comemoração do Dia Mundial do Turismo, a secretária de Estado do Turismo, Ana Mendes Godinho, sublinhou à agência Lusa que o país está a “crescer a um ritmo muito mais acelerado em termos de receita turística do que em termos de crescimento do número de turistas”.
“O que é um bocadinho o que nós todos pretendemos: crescer cada vez mais em valor e diversificar os mercados”, comentou a governante, ao recordar os “crescimentos significativos” do mercado americano, canadiano e brasileiro, diminuindo assim a dependência de outras origens mais tradicionais.
No acumulado, entre janeiro e julho, o turismo regista uma subida de 13% nas receitas, tornando Portugal num dos países que mais cresce na Europa, “em termos de receita turística, não tanto em termos de números de turistas”, segundo Ana Mendes Godinho.
“O nosso objetivo é esse, crescer cada vez mais em valor, atingindo os mercados que gastam mais e também levar a que quem vem a Portugal deixe cá mais valor, em todo o território, e levar cada vez mais a riqueza que o Turismo está a gerar a todo o território”, resumiu à Lusa.
Por seu lado, o presidente da Confederação do Turismo de Portugal (CTP), Francisco Calheiros, considerou que existem diversas razões para que “tenha aliviado um bocado o crescimento em Portugal”, que entre 2002 a 2012 registou uma evolução positiva de 14% e nos cinco anos seguintes, até 2017, de “quase 50%”, ou seja subidas que não seriam sustentáveis continuarem.
Países do Norte de África e a Turquia “tentam todos fazer melhor”, pelo que Portugal “tem de estar sempre um passo à frente para continuar a ter os crescimentos que tem tido”.
“Não crescemos tanto, neste momento, nem a nível de hóspedes, nem em dormidas. Mas temos vindo a crescer muito em receita, o que é extraordinariamente importante, para isso contribui muito o aumento de turistas americanos, canadianos e brasileiros”, disse Calheiros à Lusa.
O responsável não deixou de recordar o problema que o país enfrenta devido ao aeroporto de Lisboa, “na sua dupla vertente: o arranque do Montijo (estrutura complementar) que tarda em arrancar e as melhorias da Portela (atual infraestrutura)”.
“Não faz sentido termos feito tudo bem e neste momento não podermos ter mais turistas porque não têm onde desembarcar”, criticou.
Também questionada pela preocupação que alguns agentes do turismo têm mostrado na tendência de inversão do ciclo de alta do Turismo a que se tem estado a assistir, a diretora da BTL - Bolsa de Turismo de Lisboa, Fátima Vila Maior desvalorizou.
"Há ciclos? Há. Há no Turismo e há em outros setores de atividade. A evolução da oferta turística ou dos resultados do Turismo não é igual no país inteiro, aliás porque o crescimento de 1% no Algarve representa em termos de dormidas um crescimento enorme noutras regiões. O caso de Lisboa e do Porto são coisas diferentes, mas sinto que, por exemplo, os hotéis estão e ter um 'pricing' mais elevado, o que é importante, porque sem um 'pricing' mais elevado não se pode ter qualidade no serviço, não podemos exigir um serviço de qualidade quando o preço é baixo", afirmou Fátima Vila Maior à Lusa.
A diretora da maior feira de Turismo do país considera que o setor deve "ser mais positivo", e "perceber estas flutuações".
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