
A Comissão Europeia reviu em baixa as previsões para o crescimento da economia portuguesa este ano, para 1,8%, mas está agora confiante de que o Produto Interno Bruto (PIB) vai crescer 2,2% em 2026, segundo previsões divulgadas hoje.
"A previsão é de que o crescimento diminua de 1,9% em 2024 para 1,8% em 2025, à medida que a forte procura interna é compensada por contratempos na procura externa", indica Bruxelas, acrescentando que em 2026 "a expectativa é de que o crescimento melhore para 2,2%."
Enquanto as projeções para este ano representam uma revisão em baixa face ao crescimento de 1,9%, estimado em novembro do ano passado, as estimativas para o próximo ano são revistas em alta de 2,1% para 2,2%.
Segundo a estimativa rápida divulgada pelo Instituto Nacional de Estatística (INE), a economia portuguesa cresceu 1,6% em termos homólogos nos primeiros três meses do ano e contraiu-se 0,5% face ao trimestre anterior.
Além desta contração no início do ano, a economia portuguesa será também prejudicada pelas tensões comerciais com os Estados Unidos, após o Presidente dos EUA ter anunciado que iria aplicar tarifas adicionais.
"Embora a exposição direta de Portugal ao mercado americano seja relativamente limitada, os riscos de retrocessos indiretos significativos permanecem elevados e estão relacionados a interrupções e incertezas no comércio global", alerta a Comissão Europeia.
Apenas a possibilidade de um consumo interno mais positivo do que o esperado, tendo em conta uma possível mudança de gastos para bens produzidos internamente, poderia ajudar a compensar o alto nível de riscos externos, segundo as previsões de Bruxelas.
Estas projeções ficam abaixo das estimativas que o Governo de Luís Montenegro inscreveu no Orçamento do Estado para 2025, de um crescimento de 2,1%, sendo também mais pessimistas do que o cenário macroeconómico apresentado pela AD, que apontava para uma expansão de 2,4% este ano e 2,6% em 2026.
Inflação
A inflação em Portugal deverá desacelerar para 2,1% este ano e 2% no próximo, segundo as previsões económicas de primavera divulgadas hoje pela Comissão Europeia, que projeta também uma queda na taxa de desemprego.
Esta projeção é mais otimista do que a inscrita no Orçamento do Estado para 2025 (OE2025), de uma taxa de inflação de 2,3%.
"A inflação geral retomou a sua trajetória de queda no primeiro trimestre de 2025, após uma aceleração temporária no final de 2024, impulsionada por energia e serviços", nota Bruxelas nas previsões de primavera, acrescentando que, "dada a queda acentuada nos preços do petróleo bruto e de outras 'commodities', a inflação deverá desacelerar ainda mais nos próximos meses".
A perspetiva é assim de que a inflação continue a desacelerar, impulsionada pela moderação do crescimento do emprego e dos salários e por uma queda marginal no desemprego.
Já no que diz respeito ao mercado laboral, Bruxelas prevê uma taxa de desemprego de 6,4% este ano e 6,3% no próximo, valores mais otimistas do que o Governo, que no OE2025 apontava para uma taxa de desemprego de 2,5% este ano.
A Comissão Europeia destaca, no documento divulgado hoje, que o "desemprego permaneceu relativamente estável em 6,5% em 2024 e nos primeiros meses de 2025, com o emprego e a oferta de mão-de-obra a crescer num ritmo acelerado, impulsionados pela migração líquida".
Apesar de projetar que o crescimento do emprego se modere ligeiramente este ano, a expectativa continua a ser de uma queda marginal no desemprego para 6,4% em 2025 e 6,3% em 2026.
"Os salários devem continuar a subir um pouco mais rápido do que o PIB nominal devido às condições de trabalho restritivas em setores como tecnologias da informação e construção", nota Bruxelas.
Lisboa
A bolsa de Lisboa abriu hoje em terreno negativo, com o índice PSI (Portuguese Stock Index) a cair 0,01%, para os 7.235,17 pontos.
Na sexta-feira, a bolsa de Lisboa encerrou em alta, com o índice PSI a crescer 0,61% para 7.235,99 pontos, em linha com a restante Europa.
Zona Euro
A inflação da zona euro deverá ser de 2,1% em 2025 e abrandar para os 1,7% em 2026, prevê hoje a Comissão Europeia, mantendo o valor para este ano e revendo em ligeira baixa o do próximo.
No que respeita à União Europeia (UE), as previsões macroeconómicas da primavera indicam uma inflação de 2,3% para este ano e de 1,9% em 2026, ambas revistas em baixa face ao exercício macroeconómico anterior, de novembro de 2024.
De acordo com o executivo comunitário, após uma média de 2,4% em 2024, espera-se que a inflação geral na zona euro atinja a meta do Banco Central Europeu (2%) até meados de 2025 --- mais cedo do que o previsto anteriormente --- e que a média seja de 1,7% em 2026.
No que respeita à UE, as projeções apontam para que o indicador continue a diminuir, atingindo 1,9% em 2026.
Bruxelas alerta ainda que uma escalada das tensões comerciais entre a UE e os EUA, com os aumentos das taxas alfandegárias, poderia reacender as pressões inflacionistas.
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