No Sul de Inglaterra, a situação é de caos no transporte de mercadorias, com centenas de camiões parados sem conseguirem sair do país para França. O transporte de mercadorias através do Canal da Mancha está paralisado.
O primeiro-ministro britânico, Boris Johnson, continua a negociar com Emmanuel Macron o fim do bloqueio que provocou a paragem de uma das rotas principais de mercadorias na Europa.
Cerca de mil camionistas passaram a segunda noite no interior dos veículos parados no condado de Kent, sudeste de Inglaterra e continuam à espera que a França reabra a fronteira do túnel.
Segundo o Governo britânico, 945 camiões de vários países estão parados perto do porto de Dover. As autoridades francesas decidiram no domingo à noite encerrar a fronteira com o Reino Unido após a confirmação de uma nova variante de SARS-CoV-2, mais contagiosa.
De acordo com a BBC, as negociações estão em curso e os governos poderão chegar a acordo ainda esta tarde.
A ministra britânica do Interior, Priti Patel, informou hoje que está a ser discutido um plano de contingência para testagem de todos os motoristas antes de atravessarem o canal.
"Estamos em conversações com nossos colegas franceses e encontraremos uma solução", afirmou ao canal Sky News.
"Faz parte da discussão organizar testes de diagnóstico nos portos britânicos antes da saída", acrescentou.
O diretor da Associação Britânica dos Transportes por Estrada (RHA, na sigla em inglês), Rod McKenzie, disse hoje que os condutores passaram a segunda noite na estrada e que muitos profissionais são motoristas da Europa continental que tentam "chegar a casa antes do dia de Natal".
McKenzie queixou-se também da atuação da autarquia de Kent, porque apenas "ofereceu aos motoristas uma barra de cereais", considerando-o "um esforço muito pobre por parte das autoridades locais".
"Não estamos a tratar bem os condutores dos camiões, nestas condições muito difíceis em que se encontram", acrescentou.
À semelhança do que se passa no terminal de Dover no acesso ao Eurotúnel - que une o Reino Unido a França -, encontra-se suspenso o acesso ao terminal de Flokestone, no sudeste de Inglaterra.
No sábado, o primeiro-ministro britânico, Boris Johnson, anunciou novas medidas em Londres e regiões do sudeste de Inglaterra, incluindo a recomendação contra as viagens ao estrangeiro, devido à nova variante detetada.
França proibiu a entrada de mercadorias durante 48 horas, gerando o receio de escassez de alguns produtos nos supermercados britânicos. O Reino Unido realmente depende da importação de certos tipos de alimentos, nomeadamente a maioria (84%) de fruta fresca, quase metade dos vegetais e cerca de um terço da carne de porco.
Na tarde de segunda-feira, numa conferência de imprensa, Boris Johnson, tranquilizou o país, assegurando que os supermercados estão abastecidos, mas apelou aos cidadãos para que não repetissem as corridas às compras, como nas primeiras semanas de pandemia.
São já dezenas os países que proibiram a entrada de britânicos, na sequência da descoberta desta nova estirpe de SARS-CoV-2 que se propaga mais rapidamente. Perante este contexto, a Organização Mundial da Saúde (OMS) já explicou que o aparecimento de novas estirpes faz parte da evolução de uma pandemia e que não estão “fora de controlo”.
*Com Lusa
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