“Esmagámos as redes de contrabando que se aproveitavam da dor e desilusão humanas”, disse Kyriakos Mitsotakis na ilha de Samos, onde se deslocou para visitar um novo centro para requerentes de asilo.
Falando no antigo campo de Vathy, substituído pelo novo centro, Mitsotakis disse que as entradas de migrantes na Grécia caíram cerca de 90% em relação a 2019, segundo a agência Associated Press (AP).
Mitsotakis disse também que a Grécia continuará a pressionar a UE para que adote uma política comum de partilha da responsabilidade pelos migrantes entre os Estados-membros.
“Continuaremos a trabalhar no sentido de persuadir os países europeus que consideram que este problema não lhes diz respeito a mudar a sua posição e a contribuir para este grande esforço europeu conjunto”, afirmou.
Originalmente construído para albergar pouco mais de 600 pessoas, o centro de migrantes de Vathy tornou-se o mais superlotado da Grécia, com cerca de 7.000 pessoas a viver nas instalações e uma favela de tendas e barracas improvisadas que surgiram nos olivais próximos.
O novo centro de 43 milhões de euros, financiado pela UE, abriu em setembro, nas colinas de Samos, longe da cidade principal da ilha.
Designado “centro de acesso controlado fechado”, consiste em alojamentos de contentores com ar condicionado sob a forma de casas familiares e dormitórios, com uma capacidade de 3.000 pessoas.
Os funcionários do centro disseram que se destina a alojar temporariamente os requerentes de asilo, enquanto os seus pedidos são processados.
Após uma decisão, serão enviados para o continente ou deportados, conforme o pedido tenha sido deferido ou não.
Embora sombrias, com alojamentos de contentores em fila após fila, em segmentos separados por cercas de arame farpado, as condições são uma melhoria no campo de Vathy, segundo a descrição da AP.
Os requerentes de asilo são alojados em bairros de acordo com a nacionalidade, e existem campos de basquetebol e parques infantis entre os alojamentos de contentores.
Atualmente, vivem no novo centro cerca de 300 pessoas, metade do Afeganistão e as restantes da Síria e de países africanos.
Os residentes podem deixar livremente as instalações entre as 08:00 e as 20:00.
As autoridades disseram que manterão autocarros a circular várias vezes ao dia entre o novo centro e Vathy.
A localização remota do centro e a segurança rigorosa suscitaram críticas de organizações não-governamentais, algumas das quais descreveram as condições como sendo semelhantes a uma prisão.
“Milhões de euros foram gastos na construção desta instalação com cercas de arame farpado de qualidade militar e sistemas avançados de vigilância. Tudo isto para prender pessoas cujo único ‘crime’ é procurar segurança e estabilidade” na UE, disse a organização Médicos Sem Fronteiras (MSF), quando as instalações foram abertas.
O governo grego planeia criar centros semelhantes noutras quatro ilhas do mar Egeu oriental situadas perto da costa da Turquia.
A Grécia encontra-se numa das rotas mais usadas de entrada na UE para pessoas que fogem da guerra e da pobreza em África, no Médio Oriente e na Ásia.
Em 2015, no auge da crise migratória da Europa, cerca de um milhão de pessoas entraram na UE, a grande maioria arriscando-se a uma curta, mas perigosa, travessia para ilhas gregas, como Samos, a partir da costa turca.
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