“Ficámos com a ideia de que o Governo poderá vir a exigir, em alguns espaços, por exemplo discotecas, ou bares, ou grandes eventos com grande presença massiva de pessoas, por exemplo eventos desportivos, dois instrumentos de controlo cumulativos: uso de certificados e o teste obrigatório até 48 horas antes”, disse André Ventura depois de se ter reunido com o primeiro-ministro.
Segundo o líder do Chega, o executivo não irá impor a mesma medida para a restauração, sendo que, nesse caso, será apenas exigido o certificado “independentemente do dia e da hora”.
No que se refere à utilização da máscara, André Ventura disse que, segundo a sua perceção, o Governo “não está inclinado” para “impor o uso obrigatório na rua, a toda a hora”.
“Penso que está inclinado para uma combinação de fatores: de obrigatoriedade dentro de espaços – por exemplo restauração, comércio, etc. – independentemente do tamanho do espaço e do número de pessoas que lá estejam, e na rua funcionar como uma recomendação que apenas seria exigível em casos de ajuntamentos muito significativos onde não fosse possível manter essa distância”, frisou.
André Ventura afirmou ainda que, durante a conversa que teve com António Costa, o primeiro-ministro pareceu estar “recetivo, e o Governo tem também em cima da mesa, a possibilidade de reforçar o controlo externo e de introduzir a obrigatoriedade de testes ou certificados para quem viaja para Portugal”.
À semelhança do que tanto o Presidente da República como António Costa já tinham anunciado, o líder do Chega referiu que a hipótese de um novo estado de emergência está “completamente afastada”.
No entanto, André Ventura referiu que o executivo quer estabelecer “já um quadro jurídico que permita com alguma estabilidade poder enfrentar esta situação num cenário de dissolução da Assembleia da República” e que permita que as medidas contra a covid-19 durem até que o novo parlamento tome posse, em fevereiro.
Avançando a opinião do partido sobre as medidas anunciadas, o líder do Chega afirmou que pediu ao chefe do executivo para que a “economia não fosse mais prejudicada”, salientando que “há setores que estão já a atingir o seu limite”.
Nesse sentido, tanto no que se refere à dupla imposição do teste e do certificado digital para bares, discotecas e grandes eventos, Ventura defendeu que “é mais aceitável uma exigência dupla” do que “simplesmente encerrar os setores ou limitar em muito a sua lotação”.
“Nós não devemos voltar a ter em Portugal qualquer tipo de confinamento, seja ele geral, parcial ou setorial, transmitimos isso mesmo ao primeiro-ministro. Não deveremos voltar a ter encerramento de estabelecimento ou de setores”, salientou.
Hoje, antes de iniciar esta ronda com os partidos, numa breve declaração aos jornalistas à margem do 9.º Congresso Nacional dos Economistas, em Lisboa, António Costa recusou antecipar novas medidas para conter a pandemia de covid-19, remetendo um eventual anúncio para quinta-feira, quando se reúne o Conselho de Ministros, e depois de consultados os partidos.
“Hoje não é dia de falar, hoje é dia de ir ouvir os partidos, amanhã continuar a ouvir os partidos e quinta-feira falarei”, disse o primeiro-ministro.
O primeiro-ministro, António Costa, recebe, entre hoje e quarta-feira, os partidos com representação parlamentar sobre a situação epidemiológica em Portugal, num momento em que o país regista um crescimento das taxas de incidência e de transmissão (Rt) da covid-19, antes de o Governo aprovar medidas.
Para além do chefe do executivo, estão nestas reuniões a ministra de Estado e da Presidência Mariana Vieira da Silva, a ministra da Saúde, Marta Temido, e o secretário de Estado dos Assuntos Parlamentares, Duarte Cordeiro.
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