“A mensagem deste grupo, que reúne um conjunto muito assinalável de países, (…) é também um exemplo para a comunidade internacional, que hoje está cada vez mais esquecida das virtudes do multilateralismo”, declarou Teresa Ribeiro, na cerimónia de inauguração, em Lisboa, da delegação europeia do G7+, organização intergovernamental que reúne 20 países em situação de conflito ou fragilidade.
Os Estados-membros, acrescentou, “terão um diálogo constante, uma permanente interação, (…) beneficiando da experiência uns dos outros”.
Na sua intervenção, a governante salientou que a escolha de Lisboa demonstra “a centralidade geográfica” da capital portuguesa, mas sobretudo destaca o “firme compromisso” de Portugal com o “multilateralismo e com um constante e renovado empenho com os direitos humanos”.
“Este grupo de países quer, em conjunto, enfrentar desafios – e são muitos os que hoje se deparam -, que são ultrapassáveis, desde que haja cooperação, troca de experiências e capacidade de se tornarem resilientes”.
Por seu lado, o secretário-geral do G7+, o timorense Hélder da Costa sublinhou, em declarações aos jornalistas, que os países trabalham estão empenhados em fomentar a “construção da paz e do Estado”, com o objetivo de “sair o mais rápido possível da fragilidade rumo à resiliência”.
“É por isso que estamos a tentar promover a cooperação 'frágil-frágil', em quatro áreas: paz e reconciliação, recursos naturais, gestão de eleições sucessivas pacificas e democráticas e gestão das missões de paz das Nações Unidas pós-conflito e países frágeis”, disse.
Os Estados-membros afirmam ainda o seu compromisso na aplicação da Agenda do Desenvolvimento Sustentável das Nações Unidas (Agenda 2030), em particular do Objetivo 16 - promoção da paz, justiça e sociedade inclusiva -, por cuja introdução se bateram junto da ONU.
Questionado se a organização pode acolher novos membros, Hélder da Costa afirmou que o G7+ “é uma organização voluntária, que trabalha em prol do desenvolvimento sustentável, baseado num espírito de cooperação e solidariedade” e, “se algum país quiser aderir, será bem-vindo”.
O secretário-geral adiantou que a Nigéria já manifestou interesse em aderir ao G7+.
“Não havia na história um fórum dos estados frágeis. O G7+ tornou-se um grupo influenciador ao nível global. Trabalhamos bastante com o secretário-geral da ONU, António Guterres, e com as várias agências da ONU, Banco Mundial, FMI e várias organizações regionais. Somos parceiros estratégicos”, afirmou.
Pela Câmara de Lisboa, a vereadora da Cultura e das Relações Internacionais, Catarina Vaz Pinto, considerou que a inauguração da sede europeia em Lisboa da organização, a capital “faz jus à sua tradição de tolerância, de abertura e cosmopolitismo”.
O município lisboeta cedeu ao G7+, por 20 anos, um edifício na Avenida 24 de Julho, onde funcionará a delegação europeia da organização.
Criada em 2010 e com sede em Díli, Timor-Leste, a organização reúne países de África, Médio Oriente, Ásia-Pacífico e Caraíbas: Chade, República Centro-Africana, Guiné-Bissau, Guiné-Conacri, Serra Leoa, Libéria, Costa do Marfim, Togo, São Tomé e Príncipe, República Democrática do Congo, Burundi, Somália, Iémen, Sudão do Sul, ilhas Comores, Afeganistão, Timor-Leste, Papua Nova Guiné, ilhas Salomão e Haiti. No total, estes países têm uma população de 1,5 mil milhões de pessoas.
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