O Governo está preocupado com o aumento do número de casos na região de Lisboa e Vale do Tejo nas últimas semanas. Por isso, vai levar a cabo um reforço de ações ao nível de saúde pública. Quem o diz é o secretário de Estado Adjunto e da Saúde, António Lacerda Sales.

Em entrevista ao Diário de Notícias (DN), o governante sublinha que o executivo teve reuniões na última sexta-feira para garantir que existe um plano para testar de forma massiva um conjunto de "segmentos fundamentais" como é o caso dos estabelecimentos de ensino ou as empresas. No entanto, rejeita a ideia de que a subida do R(t) na região seja de "um sinal de alarme". É, antes, "sinal de alerta". 

"O aumento da transmissibilidade e da incidência, seja em que circunstâncias for, preocupa-nos, mas diria que é um sinal de alerta, não de alarme. É importante que isto fique bem definido. Mas, obviamente, que temos de fazer um reforço nas medidas e nas estruturas que nos permitam controlar a gestão de qualquer possibilidade de evolução da doença", frisou o governante ao DN.

Quanto às notícias recentes de que o número de testes diminuiu nos últimos tempos, Lacerda Sales explica que a "testagem diminuiu alguma coisa porque a incidência também diminuiu" — sendo este o caso, considera que as pessoas também tiveram menos propensão para realizar testes à covid-19.

"Mas nós temos, de facto, a responsabilidade de promover essa testagem e é por isso que nos estamos a organizar nesse sentido. Vamos voltar a reforçar a testagem nas regiões onde o aumento do R(t) e da incidência se verifica com maior intensidade. É o caso da região de Lisboa e Vale do Tejo", realçou ainda.

Sobre o reforço, diz que, para já, está a ser pensado para a Região de Lisboa e Vale do Tejo (LVT), "o que não quer dizer que não se venha a alargar a outras regiões e concelhos".

Na sexta-feira, o Instituto Ricardo Jorge anunciou que Lisboa e Vale do Tejo apresentava um índice médio de transmissibilidade (Rt) do vírus SARS-CoV-2 de 1,11, sendo a única região de Portugal continental acima de 1.

De acordo com o relatório semanal do Instituto Nacional de Saúde Doutor Ricardo Jorge (INSA) sobre a evolução da curva da epidemia, o aumento do Rt - que estima o número de casos secundários de covid-19 resultantes de uma pessoa infetada – tem sido registado em todo o país desde 01 de maio, mas esta variação tem sido “mais acentuada” em Lisboa e Vale do Tejo.

Na última semana, o Rt na região de Lisboa e Vale do Tejo subiu de 0,95 para os 1,11.

As autoridades consideram que este aumento merece ser acompanhado com "atenção durante a próxima semana" e estimam que Lisboa e Vale do Tejo atinja 120 casos por cem mil habitantes dentro de 31 a 60 dias.

"O aumento dos valores do índice de transmissibilidade (Rt) deve ser acompanhado com atenção durante a próxima semana, pois pode sinalizar o início de um período de crescimento da epidemia", refere o relatório divulgado na sexta-feira pela Direção-Geral da Saúde (DGS) e pelo Instituto Nacional de Saúde Doutor Ricardo Jorge (INSA).