Fernando Araújo falava aos jornalistas no final de uma visita ao Hospital Prisional São João de Deus, em Caxias, para acompanhar as condições de aplicação de um despacho conjunto que visa melhorar o acesso da população reclusa, jovem e adulta, ao Serviço Nacional de Saúde (SNS) em condições de igualdade dos demais cidadãos.
Acompanhado pela secretária de Estado Adjunta e da Justiça, Fernando Araújo visitou alguns doentes internados nesta unidade de saúde da responsabilidade do Ministério da Justiça, um dos quais aproveitou a ocasião para agradecer aos profissionais de saúde por lhe terem salvado a vida.
“Cheguei aqui e estava a morrer. Eles salvaram-me”, disse José emocionado, na véspera de ser um homem livre. Por essa razão, e por deixar de ser um recluso a partir de terça-feira, vai ser transferido para o Hospital de Cascais, onde acabará o tratamento.
Chegou ao Hospital de Caxias muito doente, pois apanhou uma infeção hospitalar numa unidade de saúde onde estava a ser tratado a uma infeção respiratória.
João, a cumprir uma pena de nove meses de prisão por conduzir com carta de condução ilegal, esteve internado em Caxias três semanas, durante as quais melhorou, o que o leva a ser grato, principalmente pela atenção que lhes prestaram os profissionais de saúde.
No final desta visita, Fernando Araújo afirmou que a população reclusa “nem sempre tem tido as mesmas igualdades” de acesso, apesar dos seus “problemas específicos, como ao nível da saúde mental, infeções víricas, entre outras, e nos quais compete à Saúde, em articulação com a Justiça, encontrar soluções adequadas”.
De acordo com os protocolos hoje assinados, os profissionais de saúde dos hospitais de referência das prisões irão deslocar-se a estas instituições para administrar os tratamentos, nomeadamente ao nível das infeções víricas.
A população reclusa é um dos focos da estratégia contra a hepatite C que através dos tratamentos inovadores está a conseguir taxas de cura na ordem dos 96%.
“É tempo de olhar para as populações que não têm tido este tipo de tratamento – toxicodependentes, reclusos e migrantes”, adiantou.
A estimativa do governo é que existem 1.500 reclusos a necessitarem destes tratamentos.
“Queremos que esta população não esteja esquecida”, disse Fernando Araújo.
Para a secretária de Estado Adjunta e da Justiça, Helena Mesquita Ribeiro, esta desigualdade no acesso aos tratamentos aconteceu porque “não se uniram os esforços, nem se conjugaram as vontades que os ministérios da Saúde e da Justiça decidiram agora encetar”.
“É uma questão de humanidade para com estas pessoas e de responsabilidade pelo que é a missão do Estado de garantir saúde pública para todos e também para a população reclusa”, disse aos jornalistas.
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