A posição tomada na terça-feira à noite surge na sequência de um atentado bombista contra a maior prisão do país e relatos de um ataque aéreo da junta militar que matou dezenas de civis.
“Registamos com alarme o último recrudescimento dos combates”, disse a ASEAN, que integra Myanmar e nove outros países, observando que a atual violência “agrava a situação humanitária” e contraria o pacto alcançado entre a organização e a junta militar em abril de 2021 para resolver o conflito.
Embora o comunicado não nomeie explicitamente os militares, responsáveis pelo golpe de Estado a 01 de fevereiro de 2021, a ASEAN aponta para uma das partes envolvidas “com poder significativo no terreno”.
“Apelamos urgentemente a todas as partes envolvidas, em particular a uma com poder significativo no terreno, para que tomem medidas concretas que permitam um processo de diálogo inclusivo e construtivo e procurem uma solução pacífica e a reconciliação nacional”, pode ler-se na mesma nota.
Os opositores do regime militar e os meios de comunicação locais noticiaram um ataque aéreo no domingo por aviões do exército num festival organizado por um grupo rebelde no norte do país.
Segundo estas fontes, diz-se que o bombardeamento matou pelo menos 80 pessoas e feriu mais de uma centena, muitas delas civis.
O comunicado da ASEAN referiu-se também ao atentado à bomba na prisão Insein de Rangum – a maior prisão do país e onde se encontra a maioria dos presos políticos birmaneses – que matou oito pessoas – cinco das quais civis – e feriu 18, na passada semana.
Embora o ataque não tenha sido reivindicado, a junta militar acusou um desconhecido grupo chamado “The Special Task Agency of Burma”, que descreve como “terrorista”.
“Exortamos veementemente à máxima contenção e à cessação imediata da violência (…) em prol da paz, segurança e estabilidade na região”, sublinhou a ASEAN.
Os líderes do bloco do sudeste asiático deverão reunir-se no Camboja em novembro para discutir, entre outras questões, a situação no país, mais de 20 meses após a revolta militar.
O Camboja, que detém a presidência rotativa da ASEAN este ano, disse que o líder da junta militar, Min Aung Hlaing, não foi convidado para a cimeira dos líderes.
O golpe militar que derrubou o Governo eleito de Aung San Suu Kyi desencadeou uma violenta repressão militar e mergulhou Myanmar numa profunda crise política, social e económica.
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