"O Grão-Mestre, e julga-se que o povo maçónico também, não pode aceitar climas de desrespeito, quezílias e falsidades, intrigas, divulgações ilegítimas e derivas profanas impróprias da nossa Obediência", escreve Fernando Lima numa mensagem aos seus irmãos "por ocasião do Solstício de verão", a que a agência Lusa teve acesso.

A mensagem do grão-mestre da Maçonaria Portuguesa acontece depois de a revista Sábado ter noticiado divergências internas no seio do GOL que terão levado o capitão de Abril Vasco Lourenço a ameaçar abandonar a organização, citando mesmo uma carta na qual alerta para a possibilidade de haver valores da instituição "deturpados, vilipendiados e atirados para a valeta".

Fernando Lima escreveu depois para criticar a "circulação de documentos e correspondência" nas últimas semanas que tem "criado em alguns maçons indignação e perplexidade", justificando a sua posição: "há momentos em que a fraternidade é combate contra o que a corrói".

Para Fernando Lima, essa divulgação é "muito censurável", uma vez que "só aos próprios ou a terceiros dizem respeito, com o agravo de alguns terem sido questionados para fora da Obediência, ou divulgados na sociedade profana".

"Também casos em que os seus intervenientes não foram capazes de 'deixar os metais à porta do Templo', trazendo para o nosso seio interesses de parte e muito inapropriadamente argumentação positiva e profana para matéria maçónica, que manchou irreversivelmente quem o protagonizou", aponta.

Fernando Lima conclui que, "em boa medida, tais factos constituem um desrespeito ao Grão-Mestre e ao que ele simboliza, diga-se a todo o povo Maçónico, salvaguardando-se aqui as lealdades de quem sempre comunicou previamente o que internamente faria, no direito legítimo de expressar maçonicamente as suas posições".

"O Grão-Mestre é o garante da união e da fraternidade e tudo fez e faz, em seu juízo, para que o princípio da conciliação não ceda a comportamentos desrespeitosos ou a juridismos mais próprios do mundo profano, que põem em causa a harmonia entre os Maçons e entre os seus Órgãos de Soberania", sublinha.

No final da carta, Fernando Lima apela a "uma profunda reflexão sobre os deveres de cada um", terminando com uma citação de Miguel Torga: "É uma ponte de sonhos que te lanço ... Passa por ela, Irmão!"