A população portuguesa consome uma quantidade de pescado, o que é visto como positivo, uma vez que é um alimento saudável, de fácil digestão e com elevado valor nutricional. 

No entanto, embora com benefícios para a saúde, como a diminuição do risco de doença coronária e a contribuição para um neuro-desenvolvimento adequado do feto durante a gravidez, o consumo de algumas espécies de pescado, com um elevado teor de mercúrio, podem representar riscos para a saúde, concluiu uma investigação levada a cabo por investigadores de várias instituições e publicada no British Journal of Nutrition.

Tendo em conta os riscos associados ao desenvolvimento cognitivo, recomenda-se que as grávidas, mulheres a amamentar e crianças pequenas evitem pescado com maior teor de mercúrio, como é o caso do atum fresco (não o de conserva), cação, espadarte, maruca, pata roxa, peixes-espada e tintureira, escolhendo outras espécies, como a sardinha e a cavala. 

Estas duas opções devem ser privilegiadas uma vez que têm menos mercúrio e maior teor de ácidos gordos ómega-3, que contribuem para um melhor desenvolvimento cognitivo nas crianças e na prevenção de doença cardiovascular nos adultos. Também o bacalhau, carapau, choco, corvina, dourada, faneca, lula, pescada, abrótea, polvo, raia, “redfish” e robalo são opções que, geralmente, têm valores baixos de mercúrio. 

Quanto à população em geral, não há preocupação e recomenda-se o consumo de todas as espécies de pescado entre 4 e 7 vezes por semana. Nos grupos mais vulneráveis, como é o caso das grávidas, mulheres a amamentar e das crianças até aos 10 anos, devem optar por espécies com médio e baixo teor de mercúrio, e o consumo deverá ser menos frequente, entre 3 e 4 vezes por semana. 

O Grupo de Trabalho responsável pela elaboração de recomendações para o consumo de pescado conclui que “o consumo de pescado continua a ser essencial”, mas que é importante fazer as escolhas certas em relação às espécies e à frequência do seu consumo. Sublinha-se, nomeadamente, a importância da diversidade para uma alimentação saudável e equilibrada.

Este grupo é promovido pela Direção Geral da Alimentação e Veterinária (DGAV) e integrou a Autoridade de Segurança Alimentar e Económica (ASAE), a Faculdade de Ciências da Nutrição e Alimentação da Universidade do Porto (FCNAUP), o Instituto Nacional de Saúde Doutor Ricardo Jorge, IP (INSA), o Instituto Português do Mar e da Atmosfera (IPMA) e o Instituto de Saúde Pública da Universidade do Porto (ISPUP).

*Texto e pesquisa pela jornalista estagiária Raquel Almeida. Edição pela jornalista Ana Maria Pimentel.