Uma fonte governamental confirmou hoje à agência noticiosa France-Presse (AFP) — na sequência de uma revelação no fim de semana pelo diário Kathimerini — que Atenas e Ancara chegaram a acordo para que a Turquia aceite, no âmbito do seu pacto migratório com os europeus, o regresso de exilados a partir de território continental da Grécia, e não apenas das ilhas gregas do mar Egeu.
De acordo com outra fonte governamental, este acordo, concluído no discurso da visita do Presidente turco Recep Tayyip Erdogan a Atenas no final da semana passada, permite “alivar” a situação nas ilhas, onde se concentram em condições precárias, agravadas pelo inverno, mais de 15.000 exilados, num ambiente de crescente tensão com os habitantes locais.
Até ao momento, as transferências para a Grécia continental destas populações estão limitadas às pessoas consideradas “vulneráveis” (jovens não acompanhados, famílias monoparentais, vítimas de torturas…), na sequência do pacto UE-Turquia concluído em março de 2016 para interromper a rota migratória do Egeu.
Os restantes migrantes, que arriscavam o reenvio para a Turquia, estavam atualmente colocados nas ilhas gregas, por temerem que o país vizinho os reenviassem para as suas respetivas fronteiras terrestres, e ainda devido à pressão dos parceiros europeus, que receavam o reinício dos fluxos migratórios em direção à Europa.
A autorização turca em promover o reenvio de migrantes através da Grécia continental deverá permitir que apenas um “número gerível” de exilados permaneça nas ilhas, acrescentou a mesma fonte.
Os “reenviados”, entre os quais o pacto UE-Turquia incluiu refugiados sírios, ficarão retidos na Grécia em “campos fechados”, acrescentou.
Em paralelo, não serão intensificadas as transferências de “vulneráveis”: mais de 1.000 foram retirados das ilhas nos últimos dias, incluindo 270 em direção a Creta no fim de semana e 265 para Atenas no dia de hoje. Cerca de 3.500 foram enviados em novembro para a Grécia continental.
Segundo a organização não-governamental Oxfam, um total de 5.000 pessoas devem ser transferidas das ilhas em dezembro, um número não confirmado oficialmente.
“Trata-se de um passo muito positivo que vai salvar vidas”, considerou Nicola Bay, da missão Oxfam-Grécia, ao recordar que com a chegada do inverno “milhares de pessoas ainda partilham tendas não aquecidas” nas ilhas.
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