Segundo disse à Lusa João Proença, da Federação Nacional dos Médicos (FNAM), toda a gente aderiu à greve no Instituto de Medicina Legal de Lisboa e “contrataram uma pessoa exterior ao serviço, o que põe em causa o código laboral”.

“Vamos apresentar uma queixa ao Ministério do Trabalho”, afirmou João Proença, explicando que a pessoa exterior ao instituto foi contratada para fazer uma autópsia.

O assunto, segundo o dirigente sindical, será encaminhado para os serviços jurídicos do sindicato.

A Lusa contactou o Ministério da Justiça para obter uma posição do Instituto de Medicina Legal e aguarda resposta.

O dirigente da FNAM disse ainda que os valores de adesão à greve se mantêm hoje idênticos aos do primeiro dia, com 90% nos blocos operatórios dos grandes hospitais, mais de 80% nos cuidados primários de saúde nas Unidades de Saúde Familiar (USF) um pouco por todo o país, sendo que as USF da maior parte do Norte e Centro registaram 100% de adesão.

Nas consultas externas nos hospitais o valor da adesão à greve depende dos hospitais, afirmou, justificando que as unidades mais pequenas recorrem à contratação de médicos através das empresas de trabalho temporário e, por isso, nesses locais a adesão foi menor.

“Mas nos grandes centros, por exemplo, no Hospital de Leiria, Aveiro e no CHUC [Centro Hospitalar e Universitário de Coimbra] a adesão foi de 80%”, acrescentou João Proença.

Os médicos entraram hoje no segundo dos três dias de greve, convocada pela FNAM e pelo Sindicato Independente dos Médicos (SIM).

A reivindicação essencial para esta greve é “a defesa do SNS” e o respeito pela dignidade da profissão médica, segundo os sindicatos que convocaram a paralisação.

Em termos concretos, os sindicatos querem uma redução do trabalho suplementar de 200 para 150 horas anuais, uma diminuição progressiva até 12 horas semanais de trabalho em urgência e uma diminuição gradual das listas de utentes dos médicos de família até 1.500 utentes, quando atualmente são de cerca de 1.900 doentes.

Entre os motivos da greve estão ainda a revisão das carreiras médicas e respetivas grelhas salariais, o descongelamento da progressão da carreira médica e a criação de um estatuto profissional de desgaste rápido e de risco e penosidade acrescidos, com a diminuição da idade da reforma.

A paralisação nacional de três dias, que termina às 24:00 de quinta-feira, deve afetar sobretudo consultas e cirurgias programadas, estando contudo garantidos serviços mínimos, como as urgências, tratamentos de quimioterapia, radioterapia, transplante, diálise, imuno-hemoterapia, ou cuidados paliativos em internamento.