Num comunicado hoje divulgado, a ANAREC indica que tem vindo a monitorizar os efeitos da greve junto dos revendedores de combustíveis, líquidos e gasosos, tendo recebido queixas dos seus associados que integram a Rede Estratégica de Postos de Abastecimento (REPA).
Os constrangimentos dos associados afetam "em particular os que têm postos exclusivos e que só podem facultar os abastecimentos a entidades prioritárias".
"A maior parte dos postos de abastecimento que integram a REPA, no caso dos postos exclusivos, não tinham períodos de funcionamento de 24h/dia, pelo que, para cumprirem a Resolução do Conselho de Ministros, segundo a qual devem laborar ininterruptamente, têm recorrido ao trabalho suplementar dos seus colaboradores, e à contratação de trabalho temporário, o que acarreta um incremento de custos para as empresas", descreve a associação.
Por outro lado, a maioria das empresas associadas da ANAREC com postos na REPA exclusivos para entidades prioritárias, "têm relatado que estão, na sua maioria, com os depósitos cheios, e com vendas muito inferiores ao habitual".
"De facto, estão impedidos de vender combustível ao público em geral, e referem que as entidades prioritárias também continuam a abastecer as suas viaturas noutros postos de abastecimento, inclusive fora da REPA", acrescenta a associação.
A ANAREC considera os relatos dos associados "preocupantes", porque os custos que têm para manter os postos em funcionamento mantêm-se iguais, ou, até aumentaram, e as receitas são cada vez mais diminutas.
"Sendo certo que os revendedores de combustíveis têm consciência do seu sentido de responsabilidade e do seu dever de boa colaboração durante a situação da crise energética decretada, o facto é que não podem ser indiferentes aos prejuízos e lucros cessantes que a mesma está a implicar para as suas empresas e para os seus negócios", comenta.
A ANAREC diz que já fez chegar estas preocupações à tutela, apelando para que as empresas visadas "sejam compensadas, no mínimo, pelos prejuízos sofridos, nomeadamente com o pagamento do trabalho suplementar e o recurso ao trabalho temporário".
A requisição civil dos motoristas em greve visa assegurar o abastecimento da REPA, aeroportos, postos servidos pela refinaria de Sines e unidades autónomas de gás natural.
Portugal está, desde sábado e até às 23:59 de 21 de agosto, em situação de crise energética, decretada pelo Governo devido a esta greve, o que levou à constituição da REPA, com 54 postos prioritários e 320 de acesso público.
Enquanto durar a greve, os veículos ligeiros só podem abastecer no máximo 25 litros de combustível em postos que não pertencem à REPA, e 15 litros nos postos da rede de emergência que não sejam exclusivos a transporte prioritário.
A greve foi convocada pelo Sindicato Nacional de Motoristas de Matérias Perigosas (SNMMP) e pelo Sindicato Independente dos Motoristas de Mercadorias (SIMM), com o objetivo de reivindicar junto da Associação Nacional de Transportadores Públicos Rodoviários de Mercadorias (Antram) o cumprimento do acordo assinado em maio, que prevê uma progressão salarial.
Na quarta-feira o porta-voz do sindicato dos motoristas de matérias perigosas, Pardal Henriques, disse que os trabalhadores não iriam cumprir serviços mínimos nem a requisição civil, em solidariedade para com os colegas que foram notificados por não terem trabalhado na terça-feira.
Pardal Henriques desafiou também a Antram para uma reunião às 15:00 de hoje, mas a associação que reúne as empresas de transportes recusou, alegando que não negoceia enquanto durar a greve, convocada por tempo indeterminado.
A Antram assinou na quarta-feira à noite um acordo relativo ao contrato coletivo de trabalho com a Federação dos Sindicatos de Transportes e Comunicações (Fectrans), afeta à CGTP e que não participa na greve de motoristas.
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