Em declarações à agência Lusa, Paulo Milheiro, do Sindicato Nacional dos Trabalhadores Ferroviários (SNTF), afirmou ter sido negociada uma atualização salarial de 23 euros para os operários e de 16 euros para as restantes categorias, assim como um aumento do subsídio de turno dos atuais 48 euros para 99 euros para os trabalhadores abrangidos, nomeadamente nas oficinas de Guifões (Matosinhos) e nas oficinas dos Alfa pendulares, em Contumil (Porto).
“Ainda assim peca por escasso em relação aos trabalhadores da CP, que recebem o subsídio de turno em percentagem do salário”, disse.
As greves que desde 12 de março se vinham sucedendo nas várias oficinas da EMEF, nomeadamente no Norte do país, têm causado sérias perturbações na circulação do Metro do Porto que, por falta de pessoal para assegurar a manutenção da frota, tinha a circular apenas cerca de metade das viaturas.
Fonte oficial da Metro do Porto chegou mesmo a admitir vir a encerrar algumas linhas, tendo a operação assegurada em toda a rede apenas até domingo.
De acordo com Paulo Milheiro, apesar da desconvocação da greve a partir das 00:00 de hoje, serão precisos “15 dias a três semanas” até que seja reposta a normalidade na circulação do Metro do Porto, já que atualmente são muitas as viaturas que aguardam manutenção nas oficinas.
Apesar dos acordos obtidos nas duas principais reivindicações que estavam em cima da mesa — atualização salarial e do subsídio de turno — o dirigente sindical destaca que já a partir da primeira quinzena de maio, e até 31 de outubro, decorrerão negociações com vista à revisão do acordo coletivo de trabalho e do regulamento de carreiras.
“Não quer dizer que não poderá, eventualmente, voltar a haver alguma instabilidade social, caso não sejam resolvidas algumas situações e não passem ao concreto outras que ficaram agora acordadas”, disse.
É o caso, explicou, da atualização salarial, que não ficou agora integrada no salário base, sendo antes aplicada “como complemento na folha salarial”, mas com o compromisso de “passar para a remuneração base a partir de janeiro de 2019″.
Ainda reclamado é o recrutamento de “pelo menos 40 a 50″ novos funcionários para as oficinas, já que os atuais trabalhadores têm uma média etária de 50/60 anos porque desde 2004/2005 que “não são realizadas integrações regulares na empresa”.
A reivindicação base dos trabalhadores da EMEF é a atribuição das “mesmas condições” de trabalho dos funcionários da Comboios de Portugal (CP): “As administrações e o Governo têm que perceber que estamos a falar praticamente da mesma empresa e que as condições acordadas na CP têm que ser as mesmas na EMEF”, sustenta Paulo Milheiro.
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