Em declarações à Lusa, Abílio Carvalho, do SNTSF, disse que “houve uma grande participação dos trabalhadores, muitas supressões” de comboios de mercadorias devido à greve, não conseguindo, no entanto, ter dados exatos de adesão.
Ainda assim, garantiu que teve um “impacto grande”, apontando muitas composições suprimidas logo à partida, serviços encerrados e outras perturbações.
As estruturas sindicais garantem que irão participar na reunião pedida pela empresa, para o próximo dia 11 de abril.
“Sempre estivemos disponíveis para a negociar”, disse, destacando que foi a empresa que “encerrou o processo”.
“Por nós no processo nunca foi encerrado, nomeadamente em relação às desigualdades que existem” na operadora, referiu.
Num comunicado divulgado anteriormente, as estruturas explicaram que a entrega do pré-aviso de greve, em meados deste mês, "decorre da opinião recolhida dos trabalhadores, acerca das propostas que a Medway tem em cima da mesa" e que não correspondem "às expectativas de quem trabalha nesta empresa e nem resolve problemas de discriminação entre trabalhadores que se têm vindo a avolumar".
Segundo os sindicatos, "neste processo negocial para o aumento salarial de 2024, a administração apresentou uma proposta de aumento de 3,5%, alegando que era uma percentagem acima da taxa de inflação".
"Recusamos, pelo facto de não ir ao encontro à nossa reivindicação, nem à valorização dos salários mais baixos", indicaram, realçando que "na generalidade, o aumento proposto para os salários mais baixos, rondaria os 32 euros, muito abaixo do aumento do SMN [salário mínimo nacional], que foi de 60 euros".
Segundo os sindicatos, "após várias tentativas de negociação", e apesar de considerarem "insuficiente a proposta apresentada pela administração, que seria de 1% mais um valor fixo de 60 euros, esta comunicou aos trabalhadores que o processo estava concluído, e que iria ser aplicado no final do mês de março".
Os sindicatos reuniram-se depois com a empresa, mas não chegaram a acordo.
Esta quarta-feira, na véspera da greve, a administração da Medway propôs uma reunião para o dia 11 de abril, indicaram os sindicatos, num outro comunicado.
"Mas se há vontade de resolver um conflito, teria sido mais útil a marcação desta reunião em tempo oportuno, que talvez até pudesse ter evitado a greve" de hoje, "que se mantém", destacaram.
Os sindicatos consideram que a administração "não percebeu que os trabalhadores, sem deixarem de reconhecer evoluções, consideram que as suas profissões não estão suficientemente valorizadas e que há outros importantes problemas por resolver".
A Lusa tentou contactar a Medway, mas não foi possível em tempo útil.
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