A greve “está com uma forte adesão. As lavarias estão completamente paradas e o mesmo acontece com grande parte dos serviços subterrâneos na mina”, disse à agência Lusa Luís Cavaco, dirigente do Sindicato dos Trabalhadores da Indústria Mineira (STIM).

“A empresa está completamente parada” devido à “paragem das duas lavarias”, a de estanho e a de zinco, ou seja, os equipamentos “onde é tratado o concentrado de cobre, que é aquilo que a empresa vende”, sublinhou.

Os trabalhadores da empresa Somincor, concessionária da mina de Neves-Corvo e pertencente ao grupo sueco-canadiano Lundin Mining, começaram hoje uma greve de cinco dias pelo fim do regime de laboração contínua no fundo do complexo mineiro.

A ação de protesto, segundo o STIM, serve também para os trabalhadores reivindicarem a "humanização" dos horários de trabalho, a antecipação da idade da reforma dos funcionários das lavarias, a progressão nas carreiras e a revogação das alterações unilaterais na política de prémios e o "fim da pressão e da repressão sobre os trabalhadores".

Luís Cavaco lembrou à Lusa que os trabalhadores de Neves-Corvo já “há 12 anos” que não realizavam uma “greve com esta dimensão”, mas, agora, “estão todos unidos” e, no piquete de greve, “estão trabalhadores de dois turnos”.

“Na Somincor, há três turnos, o das 06:00, o das 14:00 e o das 22:00, e espero a mesma adesão nos turnos seguintes porque os trabalhadores das lavarias, não só os do 1.º turno, como os do 2.º, estão no piquete de greve e não vão trabalhar”, referiu.

A realização da greve de hoje, que se prolonga até sábado, foi decidida, em setembro, num plenário geral de trabalhadores.

No plenário, os trabalhadores decidiram fazer mais cinco dias de greve em novembro e outros cinco em dezembro, em datas ainda a definir, caso as repostas da administração da Somincor "continuem a não ser favoráveis", referiu o STIM, em comunicado.

Os trabalhadores, acrescentou o sindicato, consideram que os horários de laboração contínua que são praticados representam “uma total desumanidade na organização do tempo de trabalho" e dificultam "a conciliação da atividade profissional com a vida pessoal dos trabalhadores", já que "compreendem cinco dias de trabalho e apenas um de descanso" e, "a cada 17 dias de trabalho, seguem-se apenas três dias de descanso".

"A proposta da administração contempla um horário diário de 10 horas e 42 minutos no fundo da mina, onde os trabalhadores estão sujeitos a uma atividade extremamente penosa, sendo que, alguns trabalham a mais de mil metros de profundidade e em condições de ainda maior penosidade", referiu o STIM.

Já os trabalhadores das lavarias, disse o sindicato, "trabalham em regime de laboração contínua (a maioria há décadas) e estão sujeitos também a uma atividade de elevada penosidade, mas têm direitos inferiores aos trabalhadores do fundo da mina".

E "a pressão e a repressão exercidas sobre os trabalhadores são factos graves e têm vindo a intensificar-se", alegou o STIM.

A Lusa contactou a Somincor para uma reação à greve e às reivindicações dos trabalhadores, mas, até cerca das 10:00 de hoje, não foi possível qualquer esclarecimento.

Créditos Fotografia: Facebook Manuel Caldeira Cabral