"O que está a acontecer é que é tanta a falta de pessoal que a maior parte destes trabalhadores tem horas suplementares, alguns às centenas. No primeiro trimestre do ano, pelo que apurámos, já havia uma divida para cima de sete mil horas em trabalho extraordinário só neste hospital", afirmou a dirigente do Sindicato dos Trabalhadores em Funções Públicas e Sociais do Sul e Regiões Autónomas (STFPSSRA), Cristina Hipólito.

A sindicalista, que falava aos jornalistas durante uma concentração de trabalhadores junto ao Hospital Amato Lusitano (HAL) de Castelo Branco, explicou que a maior preocupação nesta unidade hospitalar é a escassez de trabalhadores com funções de ação médica, o que coloca em causa a qualidade dos cuidados prestados aos doentes.

"Acontece muitas vezes que um trabalhador vem trabalhar num determinado dia e se algum colega que vem à tarde ou à noite adoece, não há ninguém para o substituir. Há aqui trabalhadores a fazer 16 horas seguidas constantemente", realçou.

Cristina Hipólito sublinhou que o Conselho de Administração tem em seu poder um abaixo-assinado e que quando o ministro da Saúde, Adalberto Campos Fernandes, visitou o distrito de Castelo Branco, em março, foram-lhe entregues cópias desse documento.

"Foi explicado ao ministro, de viva voz, que a situação é de tal maneira grave que isto não precisa de um penso rápido, precisa de um verdadeiro antibiótico. Aposentaram-se muitos trabalhadores e a área da ação médica é fundamental para o combate à infeção hospitalar (...)", frisou.

Adiantou ainda que hoje, em dia de greve, há serviços onde nem foi possível estabelecer mínimos, porque eles já estão nos mínimos.

"É reconhecido pela administração (do hospital) que não há o número suficiente de trabalhadores. Pelas nossas contas, achamos que neste momento, 45 trabalhadores conseguiriam equilibrar a situação, não resolver na totalidade", sustentou.

Segundo a sindicalista, a adesão à greve de hoje no HAL no turno da noite rondou os 55%, sendo que durante a manhã baixou ligeiramente.

No hospital não há cirurgias programadas, quer no bloco principal quer no bloco ambulatório e há outros setores também muito afetados.

Os trabalhadores reivindicam a aplicação do horário de trabalho de 35 horas semanais, progressão de carreira, dignificação das carreiras da área da saúde, reforço de recursos humanos, pagamento de horas de trabalho extraordinário, e a aplicação do subsistema de saúde ADSE (para funcionários públicos) a todos os trabalhadores.

No pré-aviso de greve estão abrangidos os trabalhadores, exceto médicos e enfermeiros, que trabalham nos serviços tutelados pelo Ministério da Saúde, como os hospitais, que "sentem forte indignação pela degradação crescente das suas condições de trabalho".