"Neste momento estamos em contacto com companhias aéreas, que não confirmaram nada, por isso nada foi divulgado. Mas há a grande possibilidade de levar parte desses donativos para lá. Então, toda a nossa organização (...) está a entrar em contacto com o governo do Rio Grande do Sul” para saber o que pode ser enviado e como, ou seja, por via área e marítima, e "quem são as instituições que vão receber esses donativos", disse a porta-voz do grupo de iniciativa privada, em declarações à Lusa hoje.
"Isso não vai ficar parado em armazém", prometeu Andrezza Nascimento, que adiantou já terem recebido cerca de quatro toneladas de produtos, ao mesmo tempo que garantiu que o grupo está "em negociações" com companhias aéreas e empresários e em contacto com o governo do Estado do Rio Grande do Sul para ver como é possível fazer chegar aquela ajuda.
Caso não consiga fazer chegar a ajuda ao Brasil, a porta-voz admite canalizar a ajuda para outros países, como por exemplo a Ucrânia, após um dos elementos do grupo ter garantido nas redes sociais que o transporte para o Brasil seria assegurado por via aérea.
"Vamos fazer tudo o possível e imaginável para que tudo o que foi doado seja enviado para pessoas que necessitem, sejam elas pessoas no Brasil e no Rio Grande do Sul, sejam elas pessoas, por exemplo na guerra da Ucrânia", disse.
Segundo a porta-voz, aquele elemento do grupo divulgou nas redes sociais a informação de que estava garantido o transporte, o que ainda não aconteceu, estando a questão ainda “em negociação”.
Segundo a porta-voz, o grupo continua a receber os donativos no Espaço Rios, no bairro de Campolide, em Lisboa, até sexta-feira.
A responsável acrescentou que o grupo teve de arranjar um armazém no Cacém, com apoio de empresários brasileiros, para acolher os produtos, uma vez que a resposta ao pedido de donativos foi superior à expetativa.
A mesma fonte queixa-se de falta de apoio da parte dos governos português e brasileiro na logística do transporte da ajuda, mas diz compreender esta reação, admitindo que o grupo “perdeu a credibilidade” por ter divulgado uma informação errada.
Na quarta-feira, os consulados-gerais do Brasil em Lisboa e no Porto esclareceram em comunicado enviado às redações que "não têm qualquer relação com iniciativas pessoais referentes à doação de bens e valores aos afetados pelas enchentes no Rio Grande do Sul".
Além disso, recomendaram "aos interessados em realizar doações de qualquer espécie a informarem-se sobre as iniciativas e os meios oficiais disponibilizados pelo Governo Federal e pelo governo do Rio Grande do Sul".
Face a esta situação, o núcleo de Lisboa do Partido dos Trabalhadores (PT, no poder no Brasil) disse em comunicado divulgado hoje que realizou consultas com a Embaixada do Brasil em Portugal e com o Consulado em Lisboa, referindo que "tais iniciativas não são avalizadas nem pelo Governo brasileiro e nem pelo Governo português".
O núcleo do PT sublinha também que "não está agendado nesse momento, qualquer voo de Portugal com a ajuda para o Rio Grande do Sul e que o aeroporto de Porto Alegre está encerrado".
A nota do PT reitera que as contribuições solidárias devem ser realizadas pelos meios institucionais, para organizações como o Movimento dos Sem Terra (MST), tendo sido criada uma ligação para o efeito (https://apoia.se/sos_mst).
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