"Esta é uma mensagem a todos os venezuelanos: esperem que, nas próximas horas, nos próximos dias, amanhã, haverá uma grande convocatória às ruas da Venezuela", antecipou Guaidó, esta sexta-feira em Buenos Aires, onde se encontra, depois de ter estado em visita ao Paraguai.

O Presidente interino explicou que será um protesto de Carnaval. "Aproxima-se o Carnaval, mas na Venezuela não há água. Não se podem fazer carros alegóricos porque não há borracha. Então, o que era tradição para nós (venezuelanos), transformaremos num grande protesto nacional nos próximos dias", avisou.

"Vamos preparar um grande protesto", prometeu.

"Aos venezuelanos que resistem quero dizer-lhes que voltaremos às ruas da Venezuela nos próximos dias. Voltaremos a resistir e a resistir-nos", reforçou, classificando a manifestação como uma "pressão contra a ditadura de Maduro".

Juan Guidó antecipou ainda que fará um anúncio "muito importante" aos funcionários públicos do país sobre um aspecto relacionado com "o resgate da burocracia do Estado que continua sequestrada por (Nicolás) Maduro".

"Quero falar com os funcionários públicos na Venezuela: nesta semana de Carnaval haverá um anúncio muito importante sobre a burocracia que continua sequestrada por Maduro", indicou. "Fiquem muito atentos ao chamamento que vamos fazer na Assembleia Nacional (Parlamento), eu mesmo, sobre resgatar a burocracia do Estado sequestrada por Maduro", insistiu.

O Presidente interino reconhecido por meia centena de países, entre os quais Portugal, anunciou que "a única volta atrás deste processo na Venezuela é a volta à casa de muitos venezuelanos".

Juan Guaidó fez as declarações à imprensa no Palácio San Martín, sede da Diplomacia Argentina, depois de ser recebido pelo Presidente argentino, Mauricio Macri, na residência presidencial de Olivos, num encontro que durou duas horas e que começou com duas horas de atraso devido a um problema com o voo que trouxe Guaidó do Paraguai, depois de ter estado, na quinta-feira, no Brasil.

Após o encontro com a imprensa que durou meia hora e após as declarações, Guaidó foi à praça San Martín, onde uma multidão de venezuelanos o aguardava entre palavras de ordem e de esperança. Aos gritos de "Venezuela Liberdade" e "Queremos regressar”, Guaidó reforçou o anúncio de uma convocação de uma grande manifestação nacional nas próximas horas.

"Esta mensagem é para vocês, a todos os venezuelanos no mundo e na Venezuela: quiseram que víssemos que o movimento se esvazia. Quiseram que víssemos que o tempo joga a favor do usurpador. Quiseram que víssemos que já chegamos à máxima pressão, mas este movimento continua mobilizado nas ruas e, nos próximos dias, mobilizar-se-á na Venezuela e em todo o mundo", anunciou.

"Para o regime que acredita conseguir alguma coisa ao bloquear alimentos necessários para a nossa gente e ao queimar medicamentos, (tenho) uma notícia importante: a pressão apenas começou", apontou.

Perante a multidão de venezuelanos, Juan Guaidó anunciou a chegada de um novo carregamento de ajuda humanitária à cidade de Cúcuta, na Colômbia, fronteira com a Venezuela.

"Continuamos em busca de ajuda humanitária e anuncio-vos que ontem [quinta-feira] chegou um novo carregamento a Cúcuta. Vamos fazer de tudo para que essa ajuda entre na Venezuela. Nós não nos rendemos", afirmou.

Depois de um discurso acalorado na praça argentina transformada em cenário venezuelano, Juan Guaidó regressou ao Palácio San Martín para um jantar com o Ministro dos Negócios Estrangeiros da Argentina e ex-embaixador do país em Portugal, Jorge Faurie, acompanhado de legisladores argentinos.

Guaidó embarca esta madrugada de Buenos Aires a Quito, no Equador, na sua próxima paragem da viagem aos países que mais o apoiam na região. Juan Guaidó garantiu que regressa à Venezuela nos próximos dias e agradeceu ao presidente Mauricio Macri, que foi o primeiro chefe de Estado na América Latina a condenar o regime de Nicolás Maduro como uma ditadura e a pedir a liberdade dos presos políticos ainda em dezembro de 2015 quando assumiu, inaugurando uma onda de vitórias eleitorais da direita sobre governos de esquerda.