"O apoio, no valor de 80.000 euros, pretende responder à tragédia humanitária que se vive na região, e tem como principais destinatários as famílias com crianças e mulheres grávidas", lê-se num comunicado hoje divulgado.

"Os recentes ataques a Palma vieram agravar a situação e elevar o número de deslocados, que se vão concentrando nos arredores de Pemba em condições muito precárias; as agências humanitárias presentes em Cabo Delgado carecem de meios para enfrentar uma tragédia humanitária que vai adquirindo contornos cada vez mais preocupantes", acrescenta-se no comunicado.

Face a esta situação, “a Fundação Gulbenkian decidiu conceder um apoio de 80.000 euros que será canalizado para uma ONG implantada em Cabo Delgado há mais de uma década e que apoia os refugiados desde 2019: a Helpo", lê-se no texto.

Este montante, acrescenta, "destina-se especialmente a garantir alimentos a um milhar de famílias com grávidas e crianças até aos 5 anos, durante nove meses, e também a apoiar a integração escolar das crianças e jovens".

A Helpo é já parceira da Fundação Gulbenkian num projeto de desenvolvimento em São Tomé e Príncipe, e tem-se destacado, em Moçambique, no apoio às comunidades próximas da cidade de Pemba como Silva Macua, Mahera, Impere e Miéze, diz a fundação, que incentiva "outras instituições a ajudar uma população que vive um momento dramático, com reduzidos apoios e uma escassa intervenção humanitária".

A província de Cabo Delgado, no norte de Moçambique, é desde há cerca de três anos alvo de ataques terroristas e o último aconteceu no passado dia 24, em Palma, em que dezenas de civis foram mortos, segundo o Ministério da Defesa moçambicano.

A violência está a provocar uma crise humanitária com quase 700 mil deslocados, segundo agências da ONU, e mais de duas mil mortes, segundo uma contabilidade feita pela Lusa.

O movimento terrorista Estado Islâmico reivindicou na segunda-feira o controlo da vila de Palma, junto à fronteira com a Tanzânia.

Vários países têm oferecido apoio militar no terreno a Maputo para combater estes insurgentes, cujas ações já foram reivindicadas pelo autoproclamado Estado Islâmico, mas, até ao momento, ainda não existiu abertura para isso, embora haja relatos e testemunhos que apontam para a existência de empresas de segurança e de mercenários na zona.