Guterres “continua ciente de todos os esforços que estão a ser feitos para formar um governo interino e insta todos os partidos a procurarem um amplo consenso nacional sobre a formação do governo e um calendário para eleições democráticas”, disse o porta–voz do português Farhan Haq, numa conferência de imprensa.

Também o secretário de Estado dos EUA, Antony Blinken, garantiu que Washington “acompanha a situação [no Bangladesh] de muito perto” e sublinhou que “qualquer decisão tomada pelo governo interino deve respeitar os princípios democráticos, deve defender a regra da lei e deve refletir a vontade do povo”.

O Presidente do Bangladesh, Mohammed Shahabuddin, nomeou na terça–feira o economista Yunus, reconhecido em 2006 com o Prémio Nobel da Paz, para liderar o executivo do país, após a demissão e fuga, na segunda-feira, da ex-primeira-ministra Sheikh Hasina.

Representantes dos movimentos estudantis, organizadores das semanas de protestos antigovernamentais que derrubaram Hasina e cuja repressão causou mais de 400 mortes, indicaram, em conferência de imprensa, que a decisão foi tomada após uma reunião com Shahabuddin e os responsáveis pelas forças de segurança.

“Demos uma lista inicial do Governo interino, com representação da sociedade civil e dos estudantes. Muito em breve manteremos conversações com os diferentes partidos políticos para o finalizar”, realçou um dos líderes estudantis, Nahid Islam.

Yunus, de 84 anos, conhecido como o “banqueiro dos pobres”, recebeu o Prémio Nobel da Paz por ter fundado e concebido o Banco Grameen para combater a pobreza no Bangladesh, dando empréstimos a pessoas de baixo rendimento.

Yunus tentou fundar o seu próprio partido em 2007 para rivalizar com as duas forças mais importantes do país asiático, a Liga Awami, de Hasina, e o Partido Nacional do Bangladesh.

Em 2010, o Grupo Grameen começou a enfrentar críticas ao seu sistema de microcrédito, e o Governo de Hasina lançou então uma investigação.

O prémio Nobel foi condenado a seis meses de prisão por um tribunal do Bangladesh, em janeiro, por violações da legislação laboral.

Muhammad Yunus já tinha garantido estar pronto para liderar um governo provisório, numa declaração escrita à agência de notícias France-Presse.

O governo interino terá como prioridade repor a ordem nas ruas, depois dos protestos que começaram há um mês para exigir o cancelamento de um sistema de quotas para empregos públicos e acabaram por exigir a demissão de Hasina após a brutal repressão das manifestações.

Hasina estava há 15 anos no poder, sendo a líder mais antiga do sul da Ásia.

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