A situação humanitária necessita de um “compromisso para muito mais”, por parte de Israel e do movimento islamita Hamas, e de um cessar-fogo, afirmou o antigo primeiro-ministro português.
“Uma caravana de 20 camiões do Crescente Vermelho egípcio está a circular hoje. Mas o povo de Gaza precisa de um compromisso para muito, muito mais, uma entrega contínua de ajuda a Gaza à escala que é necessária. Estamos a trabalhar incansavelmente com todas as partes para o conseguir”, afirmou António Guterres, num discurso proferido na Cimeira da Paz, que decorre na chamada Nova Capital Administrativa do Egito, a leste do Cairo.
Na sexta-feira, Guterres deslocou-se à passagem de Rafah, que liga o Egito ao enclave palestiniano, para supervisionar os preparativos para a abertura da fronteira, após dias de espera pela autorização israelita, e a reparação da estrada que liga a Gaza, danificada pelos bombardeamentos.
“Ontem fui à passagem de Rafah. Vi um paradoxo: uma catástrofe humanitária que se desenrola em tempo real. Por um lado, vi centenas de camiões cheios de alimentos e outros bens essenciais. Por outro lado, sabemos que, do outro lado da fronteira, há dois milhões de pessoas sem água, alimentos, combustível, eletricidade e medicamentos”, afirmou.
O secretário-geral da ONU sublinhou que estes camiões “têm de circular o mais rapidamente possível, de forma sustentada e segura, do Egipto para Gaza”.
Durante o seu discurso, afirmou que os objetivos a curto prazo da ONU devem ser claros, incluindo “assistência humanitária imediata, irrestrita e sustentada para os civis sitiados em Gaza, a libertação imediata e incondicional de todos os reféns”, bem como “esforços imediatos e dedicados para impedir a propagação da violência que está a aumentar o risco de alastramento”.
Para fazer avançar todos estes esforços, Guterres apelou para “um cessar-fogo humanitário já”.
De acordo com as autoridades israelitas, mais de 1.400 pessoas foram mortas em território israelita pelos combatentes do Hamas desde 7 de outubro, a maior parte das quais civis que foram baleados, queimados vivos ou mutilados no primeiro dia de ataque dos combatentes de Gaza.
Segundo o exército israelita, cerca de 1.500 combatentes do Hamas foram mortos na contraofensiva que permitiu a Israel recuperar o controlo das zonas atacadas.
Na Faixa de Gaza, 4.137 palestinianos, na sua maioria civis, foram mortos nos bombardeamentos levados a cabo pelo exército israelita em represália, segundo o Ministério da Saúde do Hamas em Gaza.
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