“Apelo ao fim imediato da violência, ao respeito pela segurança e pelos direitos de todos os afegãos e ao cumprimento das obrigações internacionais do Afeganistão, incluindo todos os acordos internacionais a que o país aderiu”, escreveu Guterres num documento a que a agência de notícias francesa AFP teve hoje acesso.

“Exorto os talibãs e todas as outras partes a darem provas da máxima contenção para a proteção de vidas e para garantir a satisfação das necessidades humanitárias”, acrescentou o secretário-geral da ONU no mesmo documento, que foi elaborado no âmbito da renovação do mandato da missão das Nações Unidas no Afeganistão, que termina em 17 de setembro.

Os talibãs, que tomaram o poder no Afeganistão nas últimas semanas, afirmaram hoje que ganharam terreno no vale de Panshir, último grande reduto da resistência armada que têm no país.

Segundo a Organização das Nações Unidas (ONU), a crise humanitária no Afeganistão atinge 18 milhões de pessoas, ou seja, metade da população.

O programa de resposta humanitária da ONU no Afeganistão só tem 38% de financiamento assegurado, pelo que a organização precisa, com urgência, de mais 800 milhões de dólares (cerca de 675 milhões de euros), segundo o relatório de António Guterres citado pela AFP.

“Apelo a todos os dadores a que renovem o seu apoio, para que resposta vital seja reforçada com toda a urgência, entregue a tempo, e para que o sofrimento seja atenuado”, escreveu o secretário-geral da ONU.

Guterres convocou um encontro internacional para 13 de setembro em Genebra (Suíça) com o objetivo de reforçar a ajuda humanitária para o Afeganistão.

O secretário-geral das Nações Unidas pediu também a “todos os países que aceitem acolher refugiados afegãos e se abstenham de qualquer expulsão”.

“As informações sobre restrições graves aos Direitos Humanos em todo o país são muito preocupantes, em particular os relatos de violações crescentes dos Direitos Humanos contra as mulheres e as meninas afegãs, que fazem recear um regresso aos dias mais sombrios”, sublinhou Guterres.

“É essencial que os direitos duramente conquistados pelas mulheres e meninas afegãs sejam protegidos. É igualmente essencial que haja um governo inclusivo que represente todos os afegãos, incluindo as mulheres e os diferentes grupos étnicos”, acrescentou, num momento em que o novo executivo do país ainda não foi apresentado.

Os talibãs conquistaram Cabul e o poder no Afeganistão em 15 de agosto, culminando uma ofensiva iniciada em maio, quando começou a retirada das forças militares norte-americanas e da NATO.

As forças internacionais estavam no país desde 2001, no âmbito da ofensiva liderada pelos Estados Unidos contra o regime extremista (1996-2001), que acolhia no seu território o líder da Al-Qaida, Osama bin Laden, principal responsável pelos atentados terroristas de 11 de setembro de 2001.

A tomada da capital pôs fim a uma presença militar estrangeira de 20 anos no Afeganistão, dos Estados Unidos e dos seus aliados na NATO, incluindo Portugal.

Os talibãs adiaram no sábado, novamente, o anúncio do seu Governo, cuja composição deverá dar o tom para os próximos anos no Afeganistão.

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