Guterres discursou hoje perante os alunos recém-licenciados da Universidade Seton Hall, em Nova Jérsia, estado com uma grande comunidade portuguesa e a qual o secretário-geral fez questão de mencionar no seu discurso.
António Guterres disse aos estudantes que estão a entrar num mundo “cheio de perigos”, conflitos, e a sentir os efeitos das mudanças climáticas, mas que eles próprios podem reverter os erros das gerações anteriores ao não aceitarem trabalhar para instituições financeiras que lucram com combustíveis fósseis.
“Apesar das montanhas de evidências de uma catástrofe climática iminente, ainda vemos montanhas de financiamento para carvão e combustíveis fósseis que estão a matar o nosso planeta. Esse dinheiro continua a fluir de alguns dos mais sonantes nomes das finanças, fundos de investimento e capital privado”, disse.
“Hoje, estou focado na ação que vocês podem tomar. Como graduados, vocês têm as cartas na mão. Os vossos talentos são procurados por empresas multinacionais e grandes instituições financeiras. Mas vocês terão muitas oportunidades de escolha graças à excelência da vossa formação. Então, a minha mensagem para você é simples: Não trabalhem para destruidores do clima. Usem os vossos talentos para nos levar a um futuro renovável”, apelou.
As declarações de Guterres surgem uma semana após ter anunciado um plano de cinco passos para incentivar o uso de energias renováveis em todo o mundo, na esteira de um relatório da Organização Meteorológica Mundial que alertou que os últimos sete anos foram os mais quentes já registados.
O plano pede a promoção da transferência de tecnologia e o levantamento das proteções de propriedade intelectual em tecnologias renováveis, assim como a ampliação do acesso a cadeias de abastecimento e matérias-primas que entram em tecnologias renováveis.
“A crise climática está a causar estragos e a ameaçar apagar comunidades inteiras e até países inteiros — com os Governos incapazes de tomar as medidas necessárias para reverter isso”, disse hoje Guterres, acrescentando ter esperanças em que a nova geração tenha sucesso onde a sua “geração falhou”.
Numa Universidade situada numa zona de grande presença da comunidade luso-americana, Guterres aproveitou para fazer referência à gastronomia portuguesa local, afirmando ter “saudades de casa”.
“Dada a nossa localização hoje nos limites do distrito ‘Ironbound’ de Newark, eu poderia acrescentar: uma casa para portugueses com saudades de casa como eu, com alguns dos melhores restaurantes portugueses da região”, disse o ex-primeiro-ministro de Portugal.
O secretário-geral da ONU aproveitou ainda a plateia de alunos para referir a sua própria experiência académica, confessando que apesar de ser ter “formado na universidade como engenheiro (…) nunca praticou engenharia”.
“As habilidades mais importantes que ganhei com a minha educação e com a universidade foram ‘aprender a aprender’, como trabalhar com os outros, como comunicar ideias e — acima de tudo — como fazer a diferença no mundo”, afirmou.
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