"Há um grande buraco negro no meu coração horas antes do dia do Pi. Descansa em paz Steven Hawking... vejo-te para a próxima", escreveu Katy Perry no Twitter.

Já o elenco da série de ciência "Teoria do Big Bang" partilhou uma fotografia tirada com o físico, agradecendo-lhe por ter sido uma "inspiração" para todos eles e para o mundo.

Matt Selman, produtor executivo dos Simpsons elogiou "o convidado mais inteligente da breve história dos The Simpsons", sendo que referir que a série de animação para adultos estreou há cerca de 30 anos.

Também o ator Macaulay Culkin, que ganhou notoriedade pelos filmes "Sozinho em casa", se despediu de um "génio" que é também a sua "personagem favorita dos Simpsons".

A NASA prestou homenagem ao "físico de renome e embaixador da ciência", cujas teorias "desbloquearam o universo de possibilidades que nós [NASA] e o mundo exploramos. Que continues a voar como o super-homem na microgravidade, como disseste aos astronautas na estação espacial em 2014".

Theresa May, primeira-ministra do Reino Unido, presta homenagem à "mente brilhante e extraordinária de Hawking, um dos grandes cientistas da sua geração. A sua coragem, humor e determinação para aproveitar o melhor da vida foram uma inspiração. O seu legado não será esquecido", escreveu.

A Sociedade Planetária, organização sediada na Califórnia, partilhou também uma fotografia do físico durante uma visita, agradecendo a generosidade de Hawking em partilhar a sua "mente linda" com este "pálido ponto azul", numa referência ao planeta Terra.

Nancy Sinatra, atriz e cantora norte-americana, filha do icónico Frank Sinatra, destacou o exemplo do físico na forma como lidou com a sua doença crónica. "O meu conselho para outras pessoas com deficiência é de que se concentrem naquilo que a vossa deficiência não vos impede de fazer bem, e de que não se arrependam das coisas nas quais esta interfere. Não sejam deficientes em espírito".

Tim Berners-Lee, inventor da World Wide Web (www), lamentou a perda de "uma mente colossal e de um espírito maravilhoso".

Reações em Portugal

O ministro da Ciência, Tecnologia e Ensino Superior, Manuel Heitor, destacou que o físico britânico deu ao mundo um maior conhecimento do universo, mas também mostrou a cientistas e não cientistas a sua persistência de viver e de estar sempre a questionar.

“Ele questionou-se inclusive a ele próprio. Por exemplo: quando há uns anos atrás, em 2010, veio repor toda a sua teoria sobre o universo e os buracos negros mostrou que faz parte de fazer ciência estar sempre a questionar e a fazer novas perguntas. Hoje estar no mundo é saber fazer as perguntas mais difíceis mesmo que não tenhamos respostas imediatas para elas e por isso é um exemplo para todos, certamente para os mais jovens e é uma lição de vida que vale a pena viver e vale a pena ter boas ideias”, destacou.

“A continuidade das suas teorias estão hoje bem demonstradas nos mais variados artigos científicos, mas também para a explicação da existência da vida e de tal forma que chegou a receber a medalha da liberdade pelo presidente [norte americano Barack] Obama pelo seu espírito critico, tendo quando foi necessário criticado formas de fazer política no Médio Oriente ou no Ocidente”, contou.

Manuel Heitor lembrou que Stephen Hawking era “conhecido por ser engraçado na forma de dialogar com as pessoas”. O ministro recordou também que o físico inglês dizia que “não tinha medo da morte, mas que tinha medo de não conseguir fazer tudo o que queria fazer até morrer”. “Isso mostra o que é o espírito de uma pessoa forte que quer viver e quer estar sempre a fazer perguntas”, concluiu.

Uma "inspiração" para os doentes. É assim que a Associação Portuguesa de Esclerose Lateral Amiotrófica (APELA) recorda o cientista. "Stephen Hawking foi e será sempre um caso muito peculiar da ELA, doença que tem uma esperança de vida de dois a cinco anos e ele viveu mais", disse Filomena Borges, acrescentando que o astrofísico "desafiou as probabilidades" ao sobreviver muito mais do que os médicos previam. "É de facto muito inspirador como conseguiu seguir a sua vida com as especificidades que a patologia comporta: perda total da fala, incapacidade física total. Ainda assim tentou manter a sua rotina, com a ajuda das tecnologias de apoio à comunicação", acrescentou. "Isso prova que um doente com ELA pode continuar a produzir, apesar de perder a fala, os membros superiores e inferiores", destacou a responsável, acrescentando que o astrofísico britânico "foi uma figura pública que deu grande notoriedade à doença e às associações que representam os doentes".

O físico britânico Stephen Hawking, cujo trabalho na área da relatividade e dos buracos negros se destacou, morreu hoje aos 76 anos de idade, na sua casa em Cambridge, anunciou a sua família. "Estamos profundamente tristes com a morte, hoje, do nosso adorado pai. Foi um grande cientista e um homem extraordinário, cujo trabalho e legado permanecerão por muitos anos", escreveram os filhos do cientista, Lucy, Robert e Tim, num texto divulgado pelas agências noticiosas.

No texto, os filhos de Stephen Hawking acrescentam que a sua coragem e persistência, assim como a sua inteligência e humor inspiraram pessoas por todo o mundo. "Ele disse um dia que ‘este não seria um grande universo se não fosse a casa das pessoas que amamos'", acrescentam os filhos.

Hawking é um dos cientistas com maior destaque desde o físico alemão Albert Einstein. A sua obra "Uma Breve História do Tempo" é um dos livros mais vendidos no mundo.

Apesar de sofrer de esclerose lateral amiotrófica desde os 21 anos, Hawking surpreendeu os médicos ao viver mais de 50 anos com esta doença fatal, caracterizada pela degeneração dos neurónios motores, as células do sistema nervoso central que controlam os movimentos voluntários dos músculos.

Em 1985, uma grave pneumonia deixou-o a respirar por um tubo, forçando-o, desde então, a comunicar através de um sintetizador de voz eletrónico. Mas Hawking continuou a desenvolver as suas pesquisas na área da ciência, a aparecer na televisão e casou pela segunda vez.

Professor de matemática na universidade de Cambridge, Hawking fez parte de uma das mais importantes pesquisas no ramo da física, sobre a "Teoria de Tudo".

Aquela teoria resolveria as contradições entre a teoria geral da relatividade, de Einstein, que descreve as leis da gravidade que determinam o movimento de corpos como planetas, e a teoria da mecânica quântica, que lida com partículas subatómicas.

Para Hawking, aquela pesquisa era uma missão quase divina, pois dizia que encontrar a "Teoria do Tudo" permitiria à humanidade "conhecer a mente de Deus". Anos mais tarde, contudo, Hawking admitiu que aquela teoria talvez não exista.

Num outro livro, "O Universo Numa Casca de Noz", explica conceitos como a super gravitação, singularidade nua e a possibilidade de um universo com onze dimensões.

A combinação entre a sua obra e o facto de permanecer quase totalmente incapacitado - no final podia apenas contrair alguns músculos da cara - fez com que se tornasse um dos cientistas mais conhecidos do mundo.

Publicado em 2014, o filme "The Theory of Everything" (“A Teoria de Tudo”), retrata a sua vida e carreira académica.