Marcelo Rebelo de Sousa falava aos jornalistas no centro de Havana, no primeiro dia da sua visita de Estado a Cuba.

"Logo à chegada [a Havana], o vice-ministro dos Negócios Estrangeiros trocou impressões comigo e eu com ele acerca de dossiês económicos que estão pendentes. E nós sabemos o interesse com que o Estado cubano está a acompanhar projetos de portugueses", declarou.

Sem querer nomear empresas, o chefe de Estado adiantou que existe um projeto para a Zona de Desenvolvimento Especial de Mariel "que é mais avançado, de materiais de construção e construção", e outros nas áreas do turismo e das energias renováveis.

"Há um mundo de projetos possíveis", acrescentou.

Quanto ao valor dos projetos, sem querer "entrar em pormenor", disse que "são montantes apreciáveis" e que estão "ao nível, já tudo somado, de milhões de euros".

No seu entender, "agora há uma oportunidade porque há uma abertura maior e há condições melhores para se aceitar e para se acolher esse investimento".

Segundo o Presidente da República, o seu encontro de hoje à tarde com o seu homólogo cubano, Raúl Castro, "vai culminar estes contactos económicos e culturais de uma perspetiva política".

Marcelo Rebelo de Sousa referiu que "a diplomacia económica é feita em conjunto" por "Governo, Presidente, e naturalmente a embaixada, que está a trabalhar nisso há muito tempo, e a AICEP (Agência para o Investimento e o Comércio Externo de Portugal)".

O Presidente da República encerra hoje em Havana um Fórum Empresarial Bilateral Portugal-Cuba, organizado pela AICEP, que antecede a 34.ª Feira Internacional de Havana (FIHAV), que pela primeira vez terá um pavilhão dedicado em exclusivo a Portugal.

Questionado por um jornalista cubano sobre a posição de Portugal nas Nações Unidas em relação ao embargo dos Estados Unidos a Cuba, o Presidente da República reiterou que "é sempre a mesma".

"O parlamento português votou por unanimidade que não aceita o bloqueio económico a Cuba. É uma posição estratégica, constante, de Portugal, com governos de esquerda, de direita, diferentes presidentes. É uma posição constante portuguesa", frisou.

Marcelo Rebelo de Sousa considerou que as relações entre Portugal e Cuba "estão neste momento num pé muito bom" e que "politicamente há perspetivas muito interessantes".

"Há um interesse cada vez maior de Cuba em relação ao posicionamento da União Europeia, à posição que Portugal tem no quadro da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP) e até, embora nós saibamos que é sobretudo o mérito do próprio que importa, à posição chave do novo secretário-geral das Nações Unidas, António Guterres", acrescentou.