Uma manifestante nas ruas de Lisboa refere à SIC Notícias que "hoje em dia, habitar parece ser um luxo", destacando que muitas pessoas não conseguem pagar as rendas e acabam por perder as suas casas.

Questionada sobre se conseguirá comprar uma casa, outra das manifestantes em Lisboa frisa que "nunca" vai conseguir "juntar para ter uma casa própria", acrescentando que neste momento vive numa habitação sem contrato, apesar de ter um salário que até pode ser considerado "digno".

Um manifestante, que diz estar a "terminar o internato em medicina", diz que só consegue viver na capital "com ajuda dos pais". Sobre vir a exercer a sua profissão em Lisboa, garante que não há condições e que vai para outro local ou para o estrangeiro, uma vez que neste momento já paga 700€ de renda. "Quando perguntam porque é que não há médicos de família, é por isto", reflete.

Os manifestantes mostram vários cartazes, onde é possível ler "a habitação é um direito", "alojamento local = desalojamento local", "habitação condigna para todos", entre outras mensagens.

No Porto, as reivindicações repetem-se. Uma das manifestantes conta que recebeu ordem de despejo e que o senhorio não negocia o valor do contrato. "Se a câmara também não arranja [alternativas], o que é que a gente faz?", reforça.

Outra manifestante reforça que "os preços no Porto estão insuportáveis" e que já foi despejada, tendo também de sair da segunda casa que encontrou. "Não conseguia pagar", aponta. "Trabalho, mas é muito complicado. Todos os meus amigos estão a passar por isto. A geração à rasca está mesmo à rasca".

Um dos aspectos destacados na generalidade das manifestações diz respeito às subidas das taxas de juro e das despesas, o que faz com que muitos tenham de entregar as casas aos bancos por não terem condições para as continuar a pagar.

Vários dirigentes políticos juntaram-se à manifestação. Catarina Martins, líder do Bloco de Esquerda, aproveitou a ocasião para relembrar que "temos dos salários mais baixos da Europa e das casas mais caras do mundo". Por isso, defende, é necessário que existam "benesses e benefícios fiscais".

Presente esteve também Paulo Raimundo, líder do PCP, que afirmou que o pacote de medidas aprovado pelo Governo "não responde aos problemas das pessoas".