"Consideramos Benjamin Netanyahu plenamente responsável pelo fracasso dos esforços dos mediadores, por obstruir um acordo e pelas vidas dos reféns, que correm o mesmo perigo que o nosso povo" com os contínuos bombardeamentos na Faixa de Gaza, disse o movimento islamista palestino em comunicado.

O primeiro-ministro israelita "estabeleceu novas condições sobre a troca de prisioneiros e voltou atrás em outros pontos, impedindo assim a conclusão do acordo", acrescenta o comunicado.

Ainda este domingo, o primeiro-ministro israelita apelou a uma “pressão direta sobre o Hamas”, denunciando aquilo que classificou como “recusa obstinada” para uma trégua na Faixa de Gaza, pouco antes de uma nova visita a Israel do secretário de Estado norte-americano.

“O Hamas tem-se mostrado obstinado na sua recusa e nem sequer enviou um representante para as negociações em Doha. Por conseguinte, a pressão deve ser dirigida ao Hamas e ao [seu líder, Yahya] Sinouar, e não ao Governo israelita”, afirmou Benjamin Netanyahu, de acordo com um comunicado do seu gabinete.

“Uma forte pressão militar e uma forte pressão diplomática são os únicos meios para obter a libertação dos nossos reféns”, insistiu.

Na quinta e na sexta-feira, os negociadores israelitas estiveram em Doha em conversações com mediadores do Qatar, do Egito e dos Estados Unidos, com vista a um cessar-fogo em Gaza, combinado com a libertação de reféns em troca de prisioneiros palestinianos.

De acordo com o gabinete de Netanyahu, no seu regresso, os representantes do Governo manifestaram um “otimismo moderado”.

“Há esperança de que a pressão significativa exercida pelos Estados Unidos e pelos mediadores sobre o Hamas lhe permita levantar a sua oposição à proposta americana”, que "inclui elementos aceitáveis para Israel", segundo o gabinete.

Na sexta-feira, o Hamas já tinha afirmado que rejeitava as “novas condições” desta proposta, denunciando os “’diktats’ americanos”.

Netanyahu reafirmou hoje que Israel estava a conduzir “negociações, e não uma troca de dar e receber”.

“Há coisas em que podemos ser flexíveis e outras em que não podemos […]. É por isso que, para além dos nossos esforços consideráveis para trazer de volta os nossos reféns, continuamos firmes nos princípios que estabelecemos, que são essenciais para a segurança de Israel”, acrescentou.

O gabinete do chefe do executivo informou ainda que receberá o secretário de Estado norte-americano, Antony Blinken, na segunda-feira de manhã em Jerusalém, no âmbito da sua nona viagem a Israel desde o início do conflito, em 07 de outubro.

Nesse dia, Israel declarou uma guerra na Faixa de Gaza para “erradicar” o Hamas, horas depois de o movimento islamita ter realizado em território israelita um ataque de proporções sem precedentes, matando 1.194 pessoas, na maioria civis.

Desde 2007 no poder em Gaza e classificado como organização terrorista pelos Estados Unidos, a União Europeia e Israel, o Movimento de Resistência Islâmica (Hamas) fez também nesse dia 251 reféns, 111 dos quais permanecem em cativeiro, enquanto 41 morreram entretanto, segundo o mais recente balanço do Exército israelita.

A guerra, que continua a ameaçar alastrar a toda a região do Médio Oriente, fez até agora na Faixa de Gaza pelo menos 40.005 mortos (quase 2% da população) e 92.401 feridos, além de mais de 10.000 desaparecidos, na maioria civis, presumivelmente soterrados nos escombros, de acordo com números atualizados das autoridades locais.

*Com Lusa e AFP