“Eu acho que o Manuel Salgado não devia ficar à frente da SRU. Devia sair com os dois pés. Não devia sair só com um pé”, vincou Helena Roseta, defendendo um novo ciclo na política urbanística da cidade.
Helena Roseta falava num jantar marcado com o movimento Cidadãos por Lisboa, que fundou, para anunciar a sua renúncia aos cargos de presidente e deputada da Assembleia Municipal de Lisboa no final do mês.
A arquiteta de 71 anos aproveitou o momento para deixar críticas à Câmara de Lisboa, liderada pelo PS, nomeadamente em relação aos processos de participação em matéria de urbanismo.
Admitindo que “é evidente que Lisboa deve muito ao vereador Manuel Salgado”, a presidente da Assembleia Municipal de Lisboa defendeu que nem tudo o que o ex-autarca fez “merece aplauso”.
“A participação tem de ser um processo aberto. Tomar uma decisão e pôr em discussão depois de ela já estar tomada para legitimar o que já se decidiu não é uma boa maneira de fazer participação política”, criticou Helena Roseta.
“A ferramenta que nós temos hoje para fazer participação é muito antiquada. Hoje em dia já há formas de governar as cidades muito mais abertas, interessantes, algorítmicas, com inteligência artificial”, apontou, defendendo “uma mudança de paradigma” e um “novo ciclo” em matéria de urbanismo.
O novo vereador do Urbanismo da Câmara de Lisboa, Ricardo Veludo, começou a assumir funções no início deste mês, depois de Manuel Salgado ter abandonado o cargo que assumia desde 2007.
A Câmara de Lisboa tinha agendada para a reunião privada do executivo de hoje uma proposta para que Manuel Salgado, que deixou as suas funções de vereador na Câmara de Lisboa no início deste mês, seja novamente eleito presidente do conselho de administração da SRU, mas o documento foi adiado.
A ainda presidente da Assembleia Municipal de Lisboa avançou também que vai devolver à autarquia a alteração simplificada ao Plano de Urbanização da Avenida da Liberdade e Zona Envolvente (PUALZE), que prevê a desafetação dos fins de utilidade pública de oito imóveis, afirmando que agora "a câmara tem de resolver".
A autarquia lisboeta aprovou em março do ano passado dar início à alteração ao PUALZE, mas a proposta ainda não foi aprovada pela assembleia municipal.
Helena Roseta explicou que o plano “significa uma mudança do valor daqueles terrenos” e lamentou que a câmara não tenha sido capaz de prestar esclarecimentos acerca da valorização imobiliária.
“A CCDR [Comissão de Coordenação Regional de Lisboa e Vale do Tejo] tem de dar um parecer e já disse várias vezes que isto não é uma alteração simplificada”, vincou.
Os imóveis que o plano prevê serem desafetados de uso público estão localizados na Rua do Salitre (afeto à Fundação do Oriente), Rua Câmara Pestana (Autoridade Nacional de Emergência e Proteção Civil), Praça da Alegria (Associação Humanitária dos Bombeiros Voluntários da Ajuda), Rua dos Condes (Cinema Olympia), Rua de Santa Marta (Instituto da Conservação da Natureza e faz Florestas), Rua Camilo Castelo Branco (Associação Humanitária dos Bombeiros Voluntários Lisboneses), Rua de São José (Correios de Portugal) e Avenida da Liberdade (Empresa Pública de Águas de Lisboa - EPAL).
Segundo a proposta, as reconversões do uso de solo serão feitas para "área mista", "área histórica habitacional" (três), "área terciária" (três) e "área habitacional".
(Notícia atualizada às 22h42)
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