Os trabalhos tinham sido interrompidos na segunda-feira à noite, faltando ouvir as alegações de sete dos 59 arguidos no processo e estando ainda em aberto a data para a divulgação das medidas de coação.

Antes do início da sessão, o advogado Túlio Araújo, que representa um dos arguidos no processo, defendeu que as propostas de medidas de coação apresentadas pelo Ministério Público são demasiado graves.

O Ministério Público pediu prisão preventiva para 54 dos 58 detidos em Portugal, segundo um dos advogados de defesa.

No entanto, desse grupo de 54 detidos, quatro poderão passar a prisão domiciliária, dependendo de um relatório do Instituto de Reinserção Social (IRS), que pertence aos serviços prisionais.

Para os restantes quatro arguidos, o Ministério Público pediu apresentações diárias às autoridades.

Um 59.º arguido encontra-se detido na Alemanha.

Túlio Araújo garantiu que o seu cliente não faz parte do grupo Hells Angels, mas escusou-se a avançar quaisquer pormenores sobre quem representa.

No entanto, o advogado considerou a proposta do Ministério Público demasiado gravosa, propondo uma alternativa para evitar riscos.

"A ideia do MP foi evitar situações futuras", admitiu, defendendo que uma das medidas de coação da juíza de instrução criminal poderia ser impedir os arguidos "de ir a Faro no dia 19", referindo-se à concentração motard que se realiza este fim de semana.

A concentração internacional de motos, considerada uma das mais importantes da Europa, vai realizar-se em Faro, no Algarve, entre 19 e 22 de julho, juntando milhares de motociclistas, nacionais e internacionais.

“Obviamente, é preciso proteger a população", mas as medidas do MP são demasiado fortes e "sacrificam a vida de mais de 40 pessoas", afirmou Túlio Araújo, defendendo que medidas de coação que impedissem os arguidos de ir a Faro permitiriam "às pessoas irem em segurança ao Algarve".

O processo envolve acusações de associação criminosa, tentativa de homicídio, roubo, ofensa à integridade física e tráfico de droga.

A investigação do caso dos Hells Angels foi elaborada pelo Departamento Central de Investigação e Ação Penal e pela Unidade Nacional Contraterrorismo da Polícia Judiciária e os mandados de busca e de detenção foram executados na quarta-feira passada.