"É um estado de espírito surpreendido e obviamente apreensivo. Vamos procurar esclarecer as situações que estão por esclarecer", disse o advogado Tiago Rodrigues Bastos.
O advogado que representa Hermínio Loureiro referiu ainda que o seu cliente deverá prestar declarações perante a Juíza de Instrução Criminal, Ana Cláudia Nogueira.
"Naturalmente, que o meu cliente está interessado em prestar todos os esclarecimentos que forem oportunos. O meu cliente está a analisar o que é lhe é imputado", disse o advogado.
O causídico falava à saída do Tribunal de Santa Maria da Feira, onde os sete indivíduos que foram detidos na segunda-feira pela PJ deveriam começar a ser ouvidos em primeiro interrogatório judicial para aplicação das medidas de coação.
No entanto, a juíza de instrução criminal apenas identificou os arguidos, devendo os interrogatórios começar na quarta-feira, pelas 11:00, com a audição de João Moura de Sá, ex-deputado do PSD na Assembleia da República.
Além da identificação dos arguidos, que terminou cerca das 19:00, os advogados de defesa estiveram a consultar o processo durante a tarde.
"Fomos confrontados com os factos que são imputados aos nossos constituintes. Só que são documentos extensos e, portanto, não permitem neste momento ainda fazer uma avaliação de todos os factos", disse Tiago Rodrigues Bastos.
A operação "Ajuste Secreto" resultou de uma investigação que durava há um ano e culminou na passada segunda-feira com a detenção de sete pessoas.
Entre os detidos, o nome mais sonante é o do vice-presidente da Federação Portuguesa de Futebol, Hermínio Loureiro, que também foi secretário de Estado da Juventude e Desporto do governo PSD chefiado por Santana Lopes e presidente da Liga Portuguesa de Futebol Profissional (2006-2010).
Hermínio Loureiro foi ainda presidente da Câmara de Oliveira de Azeméis até dezembro de 2016, quando renunciou ao mandato.
Na mesma operação foram ainda detidos Isidro Figueiredo, atual presidente da Câmara de Oliveira de Azeméis (PSD), João Moura de Sá que foi deputado do PSD na Assembleia da República (1995-2002), e presidente da Comissão de Coordenação e Desenvolvimento Regional do Norte (2004-2005), José Francisco, presidente da Concelhia do PSD de Oliveira de Azeméis, e três empresários da construção civil.
Os arguidos são suspeitos de crimes de corrupção ativa e passiva, prevaricação, peculato e tráfico de influência.
A operação "Ajuste Secreto" envolveu 31 buscas, designadamente a cinco câmaras municipais (Oliveira de Azeméis, Estarreja, Albergaria-a-Velha, Matosinhos e Gondomar) e cinco clubes de futebol, todos do concelho de Oliveira de Azeméis.
Cerca de 90 elementos da Polícia Judiciária e vários magistrados do Ministério Público participaram na operação, designada "Ajuste Secreto".
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