A história é bem conhecida: Pablo Escobar, o famoso barão da droga colombiano, mandou vir um quatro hipopótamos africanos para a sua propriedade em Antioquia no final dos anos 80.

Porém, após a sua morte em 1993, os animais ficaram à solta na região, conhecida por ser quente, pantanosa e sem predadores naturais, o que propiciou à sua proliferação na bacia do rio Magdalena, não obstante os esforços das autoridades. Se antes eram quatro, hoje o número de espécimes aumentou para 130.

Com o passar do tempo, os hipopótamos tornaram-se um perigo para a fauna, flora e camponeses da região, um dos quais sofreu ferimentos graves ao ser atacado em 2020 quando fumigava um pasto.

O atual plano, adianta o britânico The Guardian, passa por enviar metade da população conhecida, cerca de 70 espécimes, para outros países nos próximos meses: 10 para o Santuário de Ostok, no México, e 60 para uma instalação na Índia.

A operação vai custar ao governo colombiano perto de 3,5 milhões de dólares (aprox. 3,2 milhões de euros), adianta Ernesto Zazueta, o dono do Santuário de Ostok. Para capturar os hipopótamos, Zazueta e o governador de Antioquia gizaram uma estratégia na qual vão usar isco para atraí-los para dentro de umas caixas especiais que serão usadas para a transferência.

Este plano é visto como a derradeira tentativa de controlar a população sem ter de recorrer ao seu abate, algo que chegou a ser ensaiado em 2009 mas foi alvo de recuo quando uma fotografia gráfica foi revelada, causando revolta.

O Equador chegou a estar entre os países aptos a receber hipopótamos, mas a iniciativa foi categoricamente rejeitada. "Um sonoro não, porque a entrada de espécies exóticas é proibida por lei, a não ser que a autoridade ambiental tenha condição ‘sine qua non’ de excelência, para investigação, ciência, extração de material genético para a cura de alguma coisa, [e] isso não é o caso", sublinhou o ministro do Meio Ambiente, Água e Transição Ecológica equatoriano à agência Efe.

Gustavo Manrique destacou que importar os hipopótamos “não faz sentido” e geraria compromissos com a alimentação, custódia ou infraestrutura, sublinhando que existem “muitas outras necessidades, em outras áreas, para alocar recursos dos hipopótamos”. A reforma do código ambiental orgânico do Equador em dezembro de 2021 tornou a importação de fauna exótica expressamente proibida, acrescentou.

O ministro equatoriano desejou "boa sorte à Colômbia”, lembrando que este país tem “um grande problema".

Entre as preocupações dos investigadores que estudam esta população de hipopótamos está "que esta continue a aumentar” conforme indicam as projeções e os modelos definidos, alertou em abril do ano passado, à agência Efe, María Piedad Baptiste, cientista do Instituto Humboldt. Um dos estudos aponta para uma população de 1400 hipopótamos em 2034 se continuar a crescer a este ritmo.

No auge do seu império criminoso, Escobar construiu um jardim zoológico na sua Fazenda Nápoles de 3.000 hectares, localizada em Puerto Triunfo, no departamento de Antioquia.

O famoso narcotraficante importou para aquele local animais exóticos de todo o mundo, causando impacto pela extravagância da propriedade, onde instalou no portão de entrada um pequeno avião que simbolizava o meio de transporte dos seus carregamentos de cocaína para os Estados Unidos.