“Face às atuais circunstâncias e à crise política que entretanto foi espoletada, a comissão política entende que é necessário fazer um reforço da legitimidade e, por isso, foi deliberado nesta comissão política que o PSD/Madeira deve convocar um congresso ordinário de imediato, antecedido de eleições, cumprindo os prazos definidos nos estatutos”, disse Miguel Albuquerque a 19 de fevereiro, quando convocou eleições antecipadas no PSD/Madeira.
E o que se passou para que se chegasse ao ponto de eleições antecipadas?
Esta crise que Miguel Albuquerque descreveu deveu-se ao seu pedido de demissão de presidente da região autónoma depois de ter sido constituído arguido no âmbito de um processo em que são investigadas suspeitas de corrupção no arquipélago.
O presidente do Governo Regional da Madeira é suspeito de corrupção, prevaricação, abuso de poder e atentado contra o Estado de Direito, entre outros crimes, segundo documentos judiciais.
Tudo aconteceu a 24 de janeiro, quando uma operação policial, em memória, levou ao envolvimento de tantos meios. A Polícia Judiciária chegou mesmo a pedir ajuda à Força Aérea, que forneceu dois aviões, incluindo um C-130, para o transporte de 300 agentes, que acabaram por realizar 130 buscas num dia.
E quem vai a eleições?
Apesar de ser suspeito de corrupção, entre outros, Miguel Albuquerque vai a votos, tendo entregue a sua candidatura no final de fevereiro, salientando na altura que não se sente fragilizado por ser arguido.
“Eu acho que não, porque a situação do arguido é um estatuto de defesa num processo de investigação. Eu não estou condenado, estou de consciência tranquila, estou disponível para prestar esclarecimentos quando for necessário. Portanto, não me sinto diminuído nos meus direitos”, disse então.
Mas não é só Miguel Albuquerque que vai a votos. Manuel António Correia, que já tinha disputado o partido a nível regional em 2014, também avança, ele que foi secretário regional do Ambiente trabalhou durante 15 anos nas equipas de Alberto João Jardim, mas depois não alinhou com Miguel Albuquerque, tendo sido seu opositor interno.
“A lista titulada por Miguel Albuquerque e pelo seu núcleo duro político, neste momento, perante este problema, não é a solução”, diz Manuel António Correia que defende que, em nome da coerência, o Presidente da República deve convocar eleições antecipadas na região, para legitimar uma governação com "novos protagonistas" políticos.
Quem é favorito nestas eleições?
Não se realizaram sondagens, mas algumas figuras importantes do PSD Madeira colocaram-se do lado de Manuel António Correia, como foi o caso de Alberto João Jardim.
“Coragem autonomista e militância social-democrata do Dr. Manuel António Correia ao candidatar-se à liderança do PSD/Madeira,apesar de o Partido estar minado e controlado, por dentro ,por interesses pessoais! Subscrevi-a, pela Madeira e por um futuro de unidade”, disse Alberto João Jardim
Uma cronologia da crise que levou às eleições
Dia 24 de janeiro - A PJ realiza 130 buscas na Madeira e Pedro Calado, Avelino Farinha e Custódio Correia são detidos no Funchal e em Lisboa
26 de janeiro – Os juízes identificam todos os arguidos
29 de janeiro - Miguel Albuquerque demite-se do seu cargo, após ser constituído arguido
30 de janeiro – As autoridades entregaram quase 30 caixotes com documentos e o juiz iniciou a leitura do despacho do Ministério Público.
31 de janeiro – O arguido Custódio Correia começou a ser interrogado
1 de fevereiro – Custódio Correia continua a ser interrogado
2 de fevereiro – Termina o interrogatório a Custódio Correia e Avelino Farinha começa a ser ouvido.
3 de fevereiro – Avelino Farinha continua a ser interrogado
5 de fevereiro – Termina interrogatório a Avelino Farinha
6 de fevereiro - Pedro Calado começa a ser interrogado pelo juiz
7 de fevereiro – Continua o interrogatório a Pedro Calado
8 de fevereiro – Pedro Calado recusa-se a continuar com o interrogatório
9 de fevereiro - MP pede prisão preventiva para os três arguidos e juiz marca leitura das medidas de coação para 14 de fevereiro
14 de fevereiro - Juiz liberta todos os arguidos e diz que não há indícios de qualquer crime
19 de fevereiro - PSD/Madeira marca eleições diretas
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