O arguido é suspeito de ter estrangulado uma gata, de nome Camila, a 23 de junho de 2016, que foi encontrada enforcada com um fio de ‘nylon' preso a um pau, no logradouro do prédio do arguido.
Durante o julgamento, que começou hoje de manhã no tribunal de Coimbra, o homem alegou que na altura do crime estava a trabalhar em casa de um amigo e que durante a semana chegava sempre depois das 20:30, não podendo estar presente no momento do crime, que terá decorrido ao final do dia.
"Não matei. Então eu ia fazer uma coisa dessas a um animal? Tinha que estar doido ou maluco para fazer uma coisa dessas. São coisas inadmissíveis. Por amor de Deus, Deus me defenda", afirmou, logo no início do julgamento.
Enquanto era questionado, o arguido afirmou que não sabia quem eram os proprietários da gata (moravam na residência ao lado), que apenas soube da morte através de um amigo, que não sabia sequer que animal era e que o fio encontrado não era igual aos fios que usava para a pesca (o arguido fazia pesca recreativa).
No entanto, ao contrário do que o suspeito afirmou, duas testemunhas - uma vizinha do mesmo prédio e a dona da gata - colocam o arguido no local e na hora do crime.
A dona da gata e assistente no processo, Ondina Ferreira, explicou ao juiz que saiu de casa para levar o carro à inspeção por volta das 18:15, altura em que viu o arguido no logradouro.
Ondina Ferreira foi alertada pela filha de um vizinho do arguido para a gata morta, tendo apresentado uma denúncia na PSP, aproveitando a lei recente que tinha entrado em vigor em 2014, que criminalizava os maus tratos a animais.
Segundo a assistente, já no passado tinham registado situações de várias rolas mortas, um pato seu com "um hematoma na zona do abdómen" que teria resultado de um pontapé e perseguição a gatos que ajudava a cuidar.
Também a filha de um vizinho que morava no mesmo prédio do arguido contou no tribunal que o suspeito se deu mal "toda a vida" com ela, com os seus irmãos e com os seus pais, sendo que a sua mãe "chegou a ir para o hospital por causa dele" e o seu pai tinha sido agredido no passado.
"Andava sempre a enxotar os animais. Nunca o vi a fazer mal diretamente a nenhum animal, mas os meus animais foram morrendo e desaparecendo", realçou.
Durante o julgamento, a advogada que representa o arguido procurou juntar ao processo notícias sobre a morte da gata, mas o juiz recusou.
"Agora com isso das ‘fake news' é irrelevante. O que vem nos jornais é irrelevante. Quer provar um facto com uma notícia do jornal?", questionou o juiz.
Durante o julgamento, o juiz disse que também já tinha enxotado gatos e cães.
Porém, "uma coisa é enxotar, outra coisa é fazer-lhes mal", afirmou, admitindo que não gosta muito de gatos, especialmente "quando afiam as unhas".
O julgamento surgiu após o Tribunal de Instrução Criminal (TIC) ter emitido um despacho de pronúncia que contrariou a proposta do Ministério Público de arquivar o processo, determinando a realização do julgamento.
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