Uma primeira autópsia efetuada pelo condado de Fulton, no estado da Georgia, disse em setembro que a causa da morte de Lashawn Thompson, 35 anos, era “indeterminada”. Mas Roger Mitchell, médico forense contratado pela família de Thompson, afirmou que o prisioneiro foi "negligenciado até à morte” e classificou o ocorrido como “homicídio”.

A família de Thompson divulgou o novo relatório nesta segunda e os seus advogados exigiram que as autoridades assumissem a responsabilidade. “Por 93 dias, houve um grave abandono de um cidadão com doença mental”, declarou Ben Crump, advogado especialista em direitos civis, que já trabalhou em muitos casos de abuso policial contra afro-americanos.“Fica claro que não foi uma morte natural, e sim homicídio”, acrescentou.

Thompson era sem-abrigo quando foi detido em 12 de junho de 2022, enquanto dormia num parque. Tinha um mandado de prisão por roubo pendente, mas foi preso por “agressão”, supostamente por cuspir nos policiais. Sem dinheiro para pagar a fiança, permaneceu na prisão.

Nos dois primeiros meses preso, Thompson estava em bom estado, segundo o relatório de Mitchell. Mas os registos sobre os seus cuidados e tratamento para a esquizofrenia que sofria tornaram-se escassos. Entre 11 de agosto e a sua morte, não há informação sobre se recebeu medicamentos, indica o documento.

Quando o médico-legista examinou o corpo do homem, dias após a sua morte, descobriu que ele estava desnutrido e desidratado, com uma infestação severa de piolhos, e tinha perdido 18% do seu peso.

Crump exigiu às autoridades locais novas investigações, mas não acusou ninguém diretamente, nem apresentou nenhuma ação civil, como fez em casos anteriores envolvendo mortes nas mãos da polícia.