Segundo a página da Internet do Serviço Nacional de Saúde relativa aos tempos médios de espera, consultada pela Lusa ao longo do dia, o hospital registava às 10:40 mais de 16 horas de espera no caso de doentes urgentes, às 13:00 mais de 13 horas e desde cerca das 15:00 oito horas e meia. No caso dos doentes urgentes, o tempo médio recomendado é de 60 minutos.

De acordo com fonte do Sindicato Independente dos Médicos (SIM), o hospital solicitou ao Centro de Orientação de Doentes Urgentes (CODU) o desvio de doentes não críticos para outras unidades. A fonte não soube, contudo, precisar quando foi pedido o reencaminhamento.

Segundo o SIM, as equipas da urgência têm de ser compostas, no mínimo, por cinco especialistas e dois internos, mas “não há nenhum dia do mês de dezembro em que estejam completas” no Beatriz Ângelo.

Hoje foi enviado um ‘email’ aos médicos a apelar à sua disponibilidade para o preenchimento de escalas durante o resto da semana, assumindo que o serviço de urgência geral, “neste momento, apresenta uma dura realidade onde todos os esforços são necessários”.

“Informamos ainda que amanhã [quinta-feira], no turno noturno, não temos nenhum especialista, além do chefe de equipa, pelo que, reforçamos a necessidade”, lê-se no ‘email’ a que a Lusa teve acesso.

A agência Lusa questionou a administração do Hospital Beatriz Ângelo sobre os tempos médios de resposta, tendo esta referido que o tempo de espera pode ser justificado com a “maior procura, muitas vezes desadequada”, por “não configurar verdadeira urgência”.

No entanto, a unidade hospitalar localizada em Loures, no distrito de Lisboa, assume que “as carências de recursos humanos também são uma realidade”.

“Quando as equipas estão dimensionadas com alguma escassez, perante imprevistos de doenças, férias ou outras ausências, acentuam-se as fragilidades. O hospital tem acionada a resposta em rede do Serviço Nacional de Saúde”, lê-se na resposta.

O conselho de administração e as equipas do hospital, é acrescentado, estão “a desenvolver diversos esforços para aliviar a pressão existente ao nível do serviço de urgência”, como a agilização de altas, a retirada de doentes do serviço de internamento com a agilidade possível – dependente de vagas existentes – e a mobilização de recursos para o serviço de urgência, por forma a reforçar a capacidade de resposta.

A administração faz ainda um apelo para que os utentes “evitem deslocar-se à urgência se a situação não for urgente”, devendo procurar “respostas alternativas”, como a linha SNS24 e os cuidados de saúde primários.

A agência Lusa questionou a administração sobre o desvio de doentes não críticos, designadamente desde quando foi solicitado, mas não obteve resposta até ao momento.

Segundo o SIM, numa carta enviada na semana passada para a direção clínica, administração e direção da urgência, um dos chefes de equipa relatou a forma como recebeu a urgência às 08:00, com uma “equipa incompleta”.

Nessa comunicação, o clínico assumiu que não era possível garantir as “condições de segurança dos doentes que recorrem” ao serviço, pelo que a urgência de adultos acabou por ser encerrado àquela hora.

Já hoje, o SIM enviou uma carta à presidente do conselho de administração do hospital, na qual diz que, “apesar dos alertas, apelos e minutas de escusa de responsabilidade de muitos internistas escalados nas urgências, as escalas altamente deficitárias continuam a ser validadas” pela administração.

“Muitas vezes recusa sequer comunicar ao INEM [Instituto Nacional de Emergência Médica] a incapacidade de receber doentes e prestar cuidados com segurança e com qualidade, pondo em risco os doentes. Ao mesmo tempo acumulam-se dezenas de doentes com tempos de espera inaceitáveis”, lê-se na missiva, assinada pela secretária regional do SIM em Lisboa e Vale do Tejo, Maria João Tiago.

A responsável solicita à administração que comunique “às entidades competentes” sempre que “não existam condições” para o funcionamento da urgência, e ao Governo que crie “condições para reforçar o SNS de médicos e de investimento para melhorar as condições de trabalho”.

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