“Esta infraestrutura vai permitir manter sob vigilância no serviço de urgência os casos de doentes suspeitos ou com infeção já diagnosticada que necessitem de maiores cuidados. É, sobretudo, um espaço que vai permitir alocar doentes acamados ou que tenham alguns critérios de gravidade perante a suspeita de infeção por SARS-CoV-2″, afirmou à Lusa a diretora do serviço, Anabela Oliveira.

A estrutura, erguida em cerca de uma semana no antigo corredor de entrada desta unidade hospitalar, onde funcionava a central de consultas, contempla 16 ‘boxes’, incluindo uma que prevê a possibilidade de receber grávidas com suspeita de infeção pelo novo coronavírus e que apresentem sintomas que justifiquem o seu acompanhamento na urgência.

Para a responsável do serviço, a criação do espaço surgiu como uma jogada de “antecipação” para o previsível aumento de casos com maior gravidade, sublinhando que essa situação “já se verifica desde o fim de semana”, com maior número de doentes com pneumonia grave.

“Temos de nos adaptar a uma nova realidade. Isto mudou completamente a maneira de funcionar em serviço de urgência. Tivemos uma redução importante da afluência aos serviços de urgência. Na nossa urgência, o pior dia da semana era a segunda-feira, em que costumava ter 590 a 600 doentes. Agora, temos 200 ou 190. Reduziu francamente a afluência ao serviço de urgência, mas a gestão destes doentes não é fácil”, frisou.

Anabela Oliveira assinalou ainda as dificuldades crescentes para o serviço de urgência com a entrada na fase de mitigação, em que “há muitos doentes suspeitos” e a maior dificuldade para separar os doentes com base em sintomas que podem ser comuns.

“Basta ter tosse ou febre para ser suspeito. Pode acontecer termos doentes com outra tipologia que não apenas respiratória, mas que tenham febre ou sintomas respiratórios. Um doente com trauma pode ter febre ou sintomas respiratórios. É muito difícil fazermos a destrinça nesta fase em que há transmissão comunitária ativa entre quem é suspeito e quem não é suspeito”, resumiu.

Já Carlos Neto, enfermeiro gestor do serviço de urgência, explicou o funcionamento renovado desta unidade, com a colaboração de duas áreas distintas: uma no exterior, nas tendas de campanha, em que é feita uma pré-triagem, e a zona interior prestes a ser inaugurada, destinada a “tratamento e diagnóstico para doentes” afetados pela covid-19.

Reconhecendo uma duplicação da forma de trabalhar e “um grande esforço de recursos humanos, de recursos materiais e de estratégia de implementação”, Carlos Neto agradeceu o empenho extra de todos os profissionais para enfrentar esta pandemia.

“Nesta fase estamos a programar isto para funcionar com mais seis enfermeiros por turno. Significa que estamos a fazer um esforço acrescido, através de horas extraordinárias dos próprios colaboradores, enfermeiros e auxiliares, da urgência, e também, brevemente, com a colaboração de outros que estão no hospital e vêm dar um reforço para conseguirmos assegurar as necessidades de recursos humanos que temos aqui”, finalizou.

O novo coronavírus, responsável pela pandemia da covid-19, já infetou cerca de 540 mil pessoas em todo o mundo, das quais morreram acima de 25 mil.

Em Portugal, registaram-se 76 mortes, mais 16 do que na véspera (+26,7%), e 4.268 infeções confirmadas, segundo o balanço feito hoje pela Direção-Geral da Saúde. Dos infetados, 354 estão internados, 71 dos quais em unidades de cuidados intensivos, e há 43 doentes que já recuperaram.

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