“O serviço sempre tem mantido a qualidade, mesmo com esta diminuição de recursos. O que tem havido naturalmente é uma sobrecarga de recursos porque são menos, mas a qualidade nunca esteve nem estará em causa”, afirmou o presidente do conselho de administração do hospital, Daniel Ferro.
Em declarações aos jornalistas no Hospital Garcia de Orta, em Almada, no distrito de Setúbal, também a diretora clínica, Paula Breia, explicou que atualmente existem três médicos pediatras na urgência, o número mínimo que permite que o serviço se mantenha em funcionamento.
Ainda assim, garantiu que “a segurança será sempre mantida com três médicos”, o que significa apenas que, se fossem mais, “o trabalho seria diluído pelas pessoas e seria menos exaustivo”.
“A qualidade é garantida porque são pessoas do quadro, muitas delas formadas aqui e a qualidade não tem propriamente a ver com o número, mas com a capacidade que se tem para prestar os cuidados”, explicou.
A Comissão de Utentes da Saúde do Conselho do Seixal realizou hoje uma conferência de imprensa à porta do Hospital Garcia de Orta, com o objetivo de alertar para a falta de médicos pediatras nesta unidade, que faz com que a urgência desta especialidade “esteja em risco de fechar a partir de dia 13 de abril”.
Por outro lado, a administração do hospital disse que estão a ser tomadas medidas para impedir o fecho da urgência, inclusive uma que é transitória, com a contratação de profissionais em regime de prestação de serviços.
Além desta, segundo Daniel Ferro, existem duas outras medidas definitivas, que incluem a integração de “três a quatro pediatras no quadro permanente já em maio” e, posteriormente, o lançamento de um concurso para outros “três ou quatro pediatras”, para que entrem em agosto ou setembro.
Ainda assim, na visão de José Lourenço, da comissão de utentes, os profissionais não estão a concorrer aos concursos lançados pelo hospital devido às condições que são oferecidas.
“No caso concreto da pediatria, saíram entre sete a oito profissionais e foi aberto um concurso para três profissionais. Naturalmente que quem está no meio entende que saindo sete ou oito e abrindo um concurso para três, esses três iriam fazer o trabalho dos outros oito”, frisou.
Também o presidente da Federação Nacional dos Médicos (FNAM), João Proença, criticou a administração do hospital por “não conseguir atrair nem fidelizar pessoas para trabalharem no hospital” e que “90% da população médica que trabalha na urgência no Garcia de Orta são de trabalhos temporários”.
No entanto, o Garcia de Orta indicou que “a contratação de empresas apresenta neste serviço 2%” e que “não é um drama se no mês de abril for de 3 ou 4%”, visto que se está a “garantir o atendimento com qualidade” na urgência pediátrica.
No final de maio, a Ordem dos Médicos alertou para o “cenário muito grave” da urgência pediátrica do Hospital Garcia de Orta, avisando que o serviço poderá encerrar alguns dias ou em alguns períodos do mês de abril.
Já nessa altura, a administração do Garcia de Orta garantiu estar a tomar medidas, contudo, na semana passada, o Sindicato dos Enfermeiros Portugueses alertou que o hospital continuava em “risco de encerrar” a partir de dia 13 de abril, por “falta de médicos”.
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